Vera Rosa
Dois dias depois da prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou que o Palácio do Planalto não vai deixar um “incidente” de percurso prejudicar as votações no Congresso. Apesar da crise política provocada com a prisão do líder do governo no Senado, que tornou inviável a aprovação da proposta de mudança na meta fiscal nesta semana, o ministro disse ontem estar confiante na retomada das votações.
“A quem interessa parar o País?”, questionou Berzoini, que é responsável pela articulação política do governo com o Congresso “Só se for quem aposta no quanto pior, melhor”. Ao Estado, o ministro disse que, se o projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015 não for aprovado, não haverá como bancar a execução orçamentária. “Temos um desafio importante a cumprir”, insistiu
Por causa da crise, a presidente Dilma Rousseff cancelou a viagem que faria, na próxima semana, ao Vietnã e Japão. O Planalto alega, porém, que o cancelamento da viagem não pode ser debitado na conta da política, mas, sim da economia. O motivo é que o governo vai baixar na segunda-feira um decreto, bloqueando pouco mais de R$ 10 bilhões, para não dar margem a novos questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
‘Nada a ver’. Mesmo com todas as dificuldades, Berzoini não vê um cenário tão sombrio pela frente e procurou demonstrar otimismo. “O caso Delcídio será tratado onde deve ser tratado. Ele vai prestar contas para quem de direito”, amenizou ele.
“Se um líder do governo falou coisas impróprias, o que isso tem a ver com o governo? Nada. Ele vai ter de se explicar. Não vemos qualquer razão para que não possamos trabalhar normalmente na semana que vem, por causa deste incidente.”
O governo ainda não decidiu quem será o substituto de Delcídio na liderança do Senado e Berzoini vai ouvir os líderes de todos os partidos da base aliada, na segunda-feira, antes de Dilma bater o martelo sobre a indicação.
O ministro disse não acreditar que o processo de impeachment, sempre tratado por ele como “aventura golpista”, avance na Câmara, apesar das novas ameaças feitas pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Defensor do “diálogo permanente” com Cunha, Berzoini acha que os três integrantes do PT no Conselho de Ética devem votar “de acordo suas consciências”.