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Bico vira saída para quem não consegue uma vaga duradoura

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Renée Pereira

De 2015 para cá, a vida do designer gráfico Gustavo Fernochi passou por uma reviravolta. Em janeiro daquele ano, ele entrou no corte de gastos da empresa onde trabalhava há dois anos e meio e foi demitido. Ao mesmo tempo, recebeu a notícia de que, em breve, seria pai. Desde então ele vem fazendo todo o tipo de trabalho esporádico para conseguir complementar a renda da mulher, que continua trabalhando. “Faço de tudo, até trabalhar em obra”, afirma o profissional.

Os esforços, no entanto, não têm sido suficientes, especialmente com uma criança pequena em casa. “Temos recebido ajuda financeira da família para arcar com os compromissos, incluindo o aluguel.”

Fernochi diz que, apesar da crise e da redução dos postos de trabalho no País, continua mandando currículos para empresas e procurando vagas em agências de emprego. Mas lá se vão dois anos e meio de busca sem sucesso. “É como se eu fosse experiente demais para uma vaga de salário mais baixo. Mas eu estou topando qualquer coisa, mesmo que seja para ocupar outra função.”

Aos 30 anos, o designer faz parte de uma geração que vive a primeira grande crise econômica brasileira. “Tenho vivido uma avalanche.”

Já Luis Fernando Alves quase não se lembra de como é viver com um emprego fixo. Há cinco anos ele perdeu o emprego e desde então vive da renda de eventos. “Vou aonde me chamam. Faço festa infantil, de debutantes, chá de bebê e, acredite, até velório.” Alves foi contratado para chorar durante duas horas e ganhou R$ 200.

Mas, mesmo nos meses mais cheios, ele não consegue ter a mesma renda que tinha quando trabalhava como designer gráfico. “Meus ganhos chegavam a R$ 5 mil. Agora não consigo mais esse valor.”

Casado e com a mulher também desempregada, ele perdeu o apartamento que o casal vinha pagando nos últimos anos. Com o desemprego, as parcelas foram se acumulando e ele perdeu o imóvel. “Hoje, moramos de favor na casa da minha sogra.”

A queda na renda também fez o casal rever as prioridades e cortar “na carne” os gastos. Antes, os dois iam muito ao cinema, shows e faziam viagens. Além disso, compravam coisas por impulso, às vezes sem necessidade. Mas tudo mudou. Dependendo do mês, os dois precisam de ajuda da família para conseguir fechar no azul. “Mas ainda tenho o sonho de trabalhar com o que realmente gosto.”

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