Santa Tereza
Bloco das Carmelitas faz a festa no carnaval de rua do Rio
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emAs ruas de Santa Teresa, no centro do Rio de Janeiro, foram tomadas nesta sexta (9) por foliões que acompanharam o tradicional Bloco das Carmelitas. O desfile deste ano foi conduzido ao som do samba Depachito, composição que trouxe o tema da intolerância religiosa.
Com versos como “Ó, Tupã, combatei a intolerância” e “Deus é amor, Alá é igualdade”, a canção cita diversos credos e encerra de forma bem-humorada: “É melhor vender cerveja que vender lugar no céu”. Também há menções a judeus e ateus, à Igreja Universal e às palavras axé e namastê, que fazem referência respectivamente ao candomblé e ao hinduísmo.
A escolha do tema foi bem recebida pela servidora pública Marcela Pinheiro Fontes, que se fantasiou de palhaça para acompanhar o bloco. A foliã manifestou ter simpatia por diversas religiões e já ter participado de cultos variados, embora não siga nenhum credo específico. “Nós usamos muito a religião como base, como muleta, para um monte de coisa. Então é importante saber respeitar aquela pessoa que fez uma escolha diferente da sua”.
O bloco foi fundado em 1990 por moradores de Santa Teresa e seu nome faz uma homenagem ao Convento das Carmelitas, construído no século 18. Foi no entorno da edificação católica que o bairro se desenvolveu. Foliões e frequentadores de Santa Teresa criaram a lenda de que, anualmente, uma freira pula o muro do convento para participar do carnaval. Por essa razão, diversos seguidores do bloco costumam se fantasiar com hábitos religiosos.
O contador Fabiano Quirino foi um dos presentes que retrataram a lenda. “É a noviça. Fugi do convento hoje e agora só volto na quarta-feira de cinzas. A madre superiora não conseguiu pular o muro atrás de mim”, disse. O folião, que é evangélico, também achou positiva a temática e destacou a diversidade do bloco. “É um clima ótimo. É o quinto ano consecutivo que venho e a gente sente toda essa energia aqui, com os amigos e com todas as tribos”.
Todos os anos, o Bloco das Carmelitas realiza dois desfiles. O primeiro é na sexta-feira de carnaval, que marca a suposta data da fuga da freira no convento. O outro ocorre na terça-feira e o cortejo ocorre no sentido inverso, simbolizando o retorno da fujona.