Nascido no Rio de Janeiro e tido como patrimônio do carnaval de rua carioca há 15 anos, o Bloco das Trepadeiras fez no domingo (19) sua estreia na capital federal. O grupo tem como mote o empoderamento feminino. Cada foliã escolhe o nome de uma planta, trepadeira ou não, e segue para as ruas com a plaquinha que vai identificá-la no meio da folia.
A atriz Fernanda Rocha, de 45 anos, é uma das organizadoras do Bloco das Trepadeiras em Brasília. Nanda, como prefere ser chamada, não pôde viajar para curtir o bloco no Rio este ano e resolveu criar uma “ramificação” na Vila Planalto, região central da capital federal. “Achamos que seríamos umas três gatas pingadas, mas já tivemos mais de 70 mulheres inscritas”. E a multidão foi atrás.
“Eu entendi muito de sororidade vendo o Bloco das Trepadeiras. Além da gente estar juntas, se tem uma mulher passando mal, a gente gruda nela. Se a gente vê que tem uma mulher indo fazer xixi sozinha, a gente cola e vai junto. Temos uma educação sobre o que é carnaval e sobre o que é ser mulher.”
A jornalista Karol Diniz, de 39 anos, é amiga de Nanda e ajudou a organizar o Bloco das Trepadeiras em Brasília. Ela lembrou que a proposta é que as foliãs, cada qual com a sua nomenclatura de planta, saiam na frente dos demais blocos de rua e “trepem” em árvores e marquises do bairro, se posicionando para a passagem do cortejo.
“Eu nasci em Brasília e vi essa cultura brasiliense sendo formada. Uma cultura de carnaval de rua. Então hoje a gente está na rua. É lindo ver os bloquinhos e as tradições de outros carnavais virem pra cá. Somos essa cidade de braços abertos pra pessoas de cidades e estados diferentes.”
A também jornalista Noeli Nobre, de 43 anos, decidiu aderir à proposta do Bloco das Trepadeiras no carnaval de Brasília este ano. A planta escolhida foi a estrelícia, também conhecida como ave do paraíso por sua semelhança com um pássaro. Com uma pluma na cabeça e biquíni com temática de folhas, ela demonstrou animação com a estreia.
“Nos últimos anos, curti carnaval aqui em Brasília. Antigamente, não ia pra carnaval por aqui, mas é porque não tinha carnaval antes. Agora tem. De dez anos pra cá, temos carnaval em Brasília. Quase ninguém mais viaja, as pessoas ficam mesmo por aqui. Sair pra quê, não é mesmo?”.
O bloco das trepadeiras saiu junto com os blocos Charretinha do Forró (infantil) e Tropicaos.