O Governo do Distrito Federal patrocinou passagens e diárias para a vinda de uma delegação da Unidos de Vila Isabel a Brasília, com a justificativa de assinarem um termo de cooperação para que Brasília seja o tema-enredo daquela escola de samba no carnaval do próximo ano. O grupo desembarcou na cidade no dia 21. Foram liberadas 18 diárias. O governo omite o valor pago.
A eventual homenagem a Brasília não teria nenhum recurso do governo, anunciou na época o governador Ibaneis Rocha (MDB). Mas já começou a gastar. Na melhor das hipóteses, teve um lapso de memória. Ou pode estar sendo atacado prematuramente pelo alemãozinho que atende pelo nome de Alzheimer.
A delegação era composta por 4 pessoas: Fernando Fernandes, presidente; Edson Pereira, carnavalesco; Delma Barbosa, diretora de Marketing; e Luciano Ferreira, assessor. Desses, o presidente e o carnavalesco, teriam regressado ao Rio no dia seguinte. Delma, que vai coordenar o projeto do Carnaval da Secretaria de Cultura, e o assessor Luciano, permaneceram em Brasília até a última segunda-feira (27), sob os auspícios do contribuinte.
Agora, prestem a atenção, pois o enredo começa a ficar interessante. Na Portaria nº 180, de 20 de maio de 2019, o secretário de Cultura, Adão Cândido, autorizou as referidas despesas para “prestarem serviços de natureza técnica e profissional, com objetivo de firmar Termo de Cooperação entre a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e o Grêmio Recreativo de Samba Vila Isabel, do Estado do Rio de Janeiro, na elaboração do enredo do Carnaval de 2020…” Ora! Se Delma e Luciano passaram 7 dias em Brasília, para montarem esse tal termo, o que foi que o governador assinou 7 dias antes? Até agora, o tal termo, que deveria conter as bases do acordo, não foi divulgado.
Notibras, que vem cobrindo o assunto desde o início, já havia alertado sobre as diversas situações nebulosas que envolvem esse enredo. Se não ficou claro o motivo da permanência da dupla durante o período (20 a 27), pelo menos no domingo (26), o motivo é pra lá de convincente. Afinal, ninguém é de ferro. E por isso, os “consultores” participaram de um animado churrasco, que lhes foi oferecido na casa do produtor cultural Cacá Silva.
O evento teve até banner de convocação, com a logomarca oficial do GDF, e contou com as presenças do secretário Adão Cândido e do secretário de Esportes, Leandro Cruz, além de animados colaboradores. Mas, nenhum diretor das seis escolas de samba do grupo especial de Brasília, a imprensa e outros especialistas em carnaval foram convidados. Afinal, esse evento foi oficial? Quem pagou?
Para quem curte numerologia, ou gosta de fazer uma fezinha, veja que o 4 está sempre caindo perto do governador: R$ 4 milhões foi o custo do carnaval deste ano; R$ 4 milhões foram gastos no aniversário da cidade; R$ 4 milhões é o valor estimado para a Vila Isabel homenagear Brasília.
É o 4 que também no teclado, ocupa a mesma casa do cifrão. No jogo do bicho, é representado pelo Avestruz. É aquela ave que não voa e que, ao primeiro sinal de perigo, esconde a cabeça mas deixa o bumbum de fora.
“Somos todos Vila Isabel”, comemorou Ibaneis, após o evento do dia 21. Pelo andar da carruagem, quer dizer, do carro alegórico, o enredo para a escola de samba Vila Isabel homenagear a Brasília de Ibaneis em 2020, poderá ser: “Sem Escolas de Samba, mas Somos Todos Um Bloco de Sujos!”.