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Cabeça na guilhotina

Boa noite Cinderela de Maduro mata discurso democratizante do PT

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Autor/Imagem:
Arimathéia Martins - Foto de Arquivo

Como diria o filósofo de barbearia, o homem deve defender aquilo ou aquele em que ele acredita. Sem emitir juízo de valor, seria o caso do nosso Luiz Inácio? Provavelmente, pois ninguém coloca a cabeça na guilhotina se a causa não for justa. O que o presidente do Brasil vem fazendo para empurrar para debaixo do tapete as falcatruas eleitorais de Nicolás Maduro não é normal. O sumiço das atas é tão anormal quanto ele (Lula) achar normal o vizinho ditador se autoproclamar reeleito presidente em uma eleição feita sob medida para ele ganhar. Ou eles? Não sei. O que sei é decorrente de uma outra filosofia de barbeiro: o bajulador sempre carrega consigo o alforje do interesse.

Afora o provável interesse (de que tipo?), não há outra hipótese plausível para Lula da Silva empenhar todo seu capital político para proteger um farsante político. Digo isso porque o mundo inteiro sabe que Maduro não venceu a eleição de domingo passado. Então, por que o companheiro brasileiro insiste na tese de que “nada de grave, nada de assustador” aconteceu na Venezuela? Será normal a morte de 13 pessoas e a prisão de outras 177 que reclamavam do mentiroso desfecho eleitoral do país? Obviamente que não. Também beira a anormalidade denominar os manifestantes venezuelanos de “extremistas dee direita articulados e financiados pelo imperialismo estadunidense”.

Lamentável, gravíssima, assustadora, angustiante, pavorosa, intimidatória, espantosa, medonha, horripilante, mentirosa, decadente e temível. Os adjetivos que cabem na Venezuela de Nicolás Maduro são amedrontadores. Algo bem próximo de tenebroso. Entretanto, para o presidente Lula lá, para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para o ex-tudo de Lula José Dirceu e para os movimentos sociais mais radicais não há reparos no resultado da eleição que, indecente, criminosa e desastradamente, reconduziu à presidência da nação vizinha o capataz do Diabo na Terra.

Faz uma semana que Maduro prometeu divulgar as atas eleitorais. Ao longo desses sete dias, em vão, o mundo e os brasileiros esperaram que o governo do Brasil formalizasse um pedido de divulgação dos documentos. Difícil acreditar que experimentadas lideranças políticas tenham caído no fajuto golpe anunciado por Nicolás, para quem seus opositores é que são os farsantes. Os efeitos do famoso Boa Noite Cinderela foram devastadores para os espertos do PT. Dopados pela cantilena “esquerdista” do autocrata venezuelano, o petismo raiz “engoliu” a farsa e agora não sabe como retomar o discurso democrático, naturalmente baseado na liberdade política e de expressão e no respeito aos direitos humanos.

A lentidão brasileira na cobrança dos relatórios converge para uma certeza quase absoluta de que os mesmos líderes trabalham a favor da maracutaia venezuelana. Será que a ideia é dar tempo para que o mequetrefe ditador corte, costure, pinte e borde novas atas? O fato inquestionável é que dados oficiais sumiram no túnel secreto da escrivaninha do declarado reeleito presidente da Venezuela. Como os dados neles registrados certamente dariam a vitória ao candidato da oposição, alguém duvida que o desqualificado punguista de votos alheios sumiu com todos? Quase a totalidade do planeta, incluindo a maioria dos líderes e da população brasileira, tem certeza disso. Outros nem tanto.

Na contramão da legalidade, alguns só faltam pedir clemência para o coitadinho do Nicolás, cujo tempo de maturação está pra lá de vencido. Na verdade, de tão maduro, o sujeito já passou do ponto. O suposto “gelo” de Lula ao parça tirano não é suficiente para limpar a barra de um mandatário que afirma prezar pela democracia e que sempre defendeu eleições livres, transparentes e democráticas. Como Lula da Silva ainda não se manifestou oficialmente contra a vergonha eleitoral protagonizada pelo déspota sul-americano, a tendência é de que a nódoa na imagem do comandante petista se transforme em uma porqueira com remotas chances de recuperação a curto prazo. Embora seja cedo para análises futuras, adiro à tese de que a borrada de Lula pode prejudicar uma eleição que, na ausência de adversários mais consistentes, parecia ganha. Não é mais.

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