Mariana Toakarnia
Moradores do Distrito Federal poderão ficar até 48 horas sem abastecimento de água. A medida para ampliação do racionamento foi autorizada nesta sexta (20) em resolução da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), publicada no Diário Oficial. A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), diz que a implementação da mudança não será imediata.
Atualmente, o rodízio é feito de seis em seis dias, com interrupção de 24 horas no abastecimento, em áreas definidas pela Caesb. Nos dois dias seguintes à interrupção, a localidade passa por fase de establização, com volume reduzido de água.
Segundo a Adasa, a medida foi autorizada porque as precipitações pluviométricas registradas e as condições climáticas para o mês de outubro não atenderam às expectativas, havendo registro de temperaturas recordes no Distrito Federal, com aumento significante da taxa de evaporação.
Por meio da assessoria de imprensa, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) diz que já possui um planejamento para a ampliação do rodízio, mas que ele não será aplicado imeditamente. “Caso a decisão seja tomada, será amplamente divulgada e com antecedência. Neste momento, o rodízio não será ampliado”, diz.
Além disso, a Companhia diz que continua acompanhando a curva de volume útil dos reservatórios, a chegada das chuvas e o consumo de água da população.
Segundo a Adasa, a crise hídrica é grave e o período de seca no DF não terminou. “Portanto, é de fundamental importância a colaboração da população, que precisa conservar hábitos de uso racional da água e reduzir ainda mais o consumo”.
Captação – A Adasa autorizou também o uso de R$ 6,250 milhões em novas estruturas para que a Caesb amplie a captação de água na Barragem do Descoberto. A autorização do uso dos recursos da Tarifa de Contingência está em outra resolução também publicada hoje.
Com isso, fica autorizada a captação do volume morto. O volume morto é também chamado de Reserva Técnica de Água, que é a reserva que fica abaixo dos canos de captação e, portanto, uma zona tende a acumular mais sedimentos.
O uso do volume morto também foi autorizado durane a crise hídrica de São Paulo, em 2014, no Sistema Cantareira. Em 2016, com a recuperação do sistema paulista, esse uso foi revogado.
A Agência também autorizou o uso de R$ 15 milhões em adutoras (tubulações para conduzir a água para reservatórios) e aproximadamente R$ 1,1 milhões para custos operacionais.
Situação do DF – De acordo com a Adasa, o volume dos reservatórios estão nos níveis mais baixos já registrados. O reservatório de Santa Maria atingiu a marca de 25,2% e o de Descoberto, de 10,5% do volume útil.
Desde maio, a Agência estabeleceu a Curva de Acompanhamento, com metas mensais para o volume dos reservatórios. Para outubro, a meta para o Descoberto é de 9% e para o Santa Maria, 23%. Este é o limite para as medidas tomadas até então. Agora, pouco antes de atingir essa marca, a Adasa autorizou novas medidas.
A avaliação é feita com base nos níveis do reservatório, cuja alteração se dá em razão das entradas de água; do consumo de água pela população e pelos agricultores; e da situação climática.
Neste ano, após 123 dias de estiagem, período mais longo de seca desde 2010, o Distrito Federal registrou alguns dias de uma breve chuva, no final de setembro. No entanto, a umidade do ar voltou a cair e a seca permaneceu na primeira quinzena de outubro. No último final de semana, o DF registrou o recorde histórico de temperatura registrada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 37,3ºC.
Na última sexta-feira (13), após dois dias com umidade entre 11% e 12%, o Inmet emitiu um alerta e a Defesa Civil do DF voltou a declarar estado de emergência.