Capital da roubalheira
Boi na linha azeda salada no balcão da sujeira do DF
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emO sinal vermelho está ligado no Departamento de Trânsito do Distrito Federal. É que entrou boi na linha da modernização do sistema de sinalização de trânsito de Brasília. O projeto, aprovado no final do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), custaria 7 milhões de reais. O governo de Ibaneis Rocha (MDB) cancelou tudo e mandou fazer uma nova licitação, que bateu na casa dos 140 milhões de reais.
Desde a sexta-feira, 3, quando a TV Globo denunciou esse suposto esquema de improbidade administrativa no órgão, muita gente do Governo de Brasília passou a viver crises de cardiopatia provocadas por um surto de febre aftosa. Alheio a tudo isso, Ibaneis viajou a São Paulo para passar o fim de semana.
O diretor amigo da amiga do chefe é respaldado pelo PP – partido do senador piauiense Ciro Nogueira e da deputada brasiliense Celina Leão. Trata-se de uma das legendas mais citadas nas investigações da Operação Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O Grupo de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, decidiu adotar uma linha de investigação cautelosa. Não deseja pegar apenas bezerros. E para chegar ao dono da boiada, evita passar o carro na frente dos bois.
Há provas das relações próximas do diretor-geral do Detran com gente poderosa das áreas política e econômica de Brasília. Os áudios apresentados pela TV Globo, em que o diretor de Tecnologia é obrigado a dar um parecer favorável a um equivocado projeto multimilionário, é apenas a ponta do novelo de lã.
Fabrício Moura, o diretor-geral que mandou um subordinado manipular uma concorrência, é considerado, no âmbito das investigações, apenas bezerro não desmamado em todo o rebanho. O servidor que se recusou a fazer parte da tramoia foi demitido da função. E Fabrício, que é funcionário do Detran há cinco anos, permanece no cargo. Ele jamais ocupou um cargo de chefia na instituição. E passou de fiscal de trânsito a diretor-geral do órgão numa carreira meteórica.
Os fatos denunciados pela Globo são graves. E podem levar muita gente para a cadeia. E se tiverem sua participação comprovada no esquema, políticos poderão perder seus mandatos. Procuradores e promotores garantem que o Gaeco não pretende fazer nenhuma simulação para mostrar que sabe dirigir a caça aos predadores do dinheiro público. Quer, sim, apurar um esquema na base de uma biometria muito bem detalhada.