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Boletim Focus derruba PIB e vê a economia brasileira afundando cada vez mais

Célia Froufe

O Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve ter retração de 3,40%, de acordo com o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 22, pelo Banco Central (BC). Na edição anterior da pesquisa, a estimativa era de baixa de 3,33% e na de quatro semanas atrás, de recuo de 3,00%. Para 2017, encolheu mais um pouco a expectativa de recuperação, com a mediana das estimativas oscilando de uma alta de 0,59% para 0,50%. O ajuste desta vez foi o quinto consecutivo – um mês atrás, a projeção era de crescimento de 0,80% da atividade.

A produção industrial segue como principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 4,40% para este ano ante -4,20% prevista na semana passada. Na pesquisa realizada quatro semanas atrás, a mediana das estimativas estava em -3,57%. Para 2017, depois de três semanas seguidas de aposta de expansão de 1,50% para a indústria, agora a previsão mudou para 1,00%. Quatro semanas antes, estava em 1,50%.

Os economistas não mexeram em suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, uma das principais variáveis acompanhadas pelas agências de classificação de risco. Para 2016, a mediana das previsões seguiu em 40,70% de uma semana para outra, ante 40,20% de quatro semanas antes. No caso de 2017, as expectativas permaneceram em 44,00% de uma edição para a outra – no boletim divulgado há um mês a taxa era de 42,20%.

IPCA em alta – O Focus também trouxe a oitava rodada seguida de alta das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. No documento divulgado pelo Banco Central, a mediana das previsões para a inflação de 2016 apresentou apenas leve correção ao subir de 7,61% para 7,62%. Com isso, distancia-se ainda mais do teto da meta deste ano de 6,50%.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, reforçou na semana passada que continua trabalhando para evitar que o índice extrapole esse patamar. Quatro semanas atrás, a mediana na Focus estava em 7,23%.

Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das expectativas manteve-se em 8,13% de uma semana para outra – um mês antes, estava em 7,92%.

No caso de 2017, a mediana da pesquisa geral voltou a ficar congelada em 6,00% de um levantamento para o outro – quatro edições atrás estava em 5,65%. A previsão do mercado, portanto, segue exatamente no teto de 6,00% da meta do ano que vem. Essa barreira, no entanto, já havia sido ultrapassada em muito pelo grupo Top 5 de médio prazo. Entre esses analistas, a perspectiva para a taxa passou de 6,40% para 6,50%. Um mês antes, essas instituições apontavam para um IPCA de 7,19%.

Para a inflação suavizada 12 meses à frente, a mediana também subiu, saindo de 6,81% para 6,83% de uma semana para outra – há um mês, estava em 6,91%. Para o curto prazo, houve correção das expectativas para cima para a taxa para fevereiro de 2016 (de 0,91% para 0,95%). Um mês antes, estava em 0,85%. Já para março, a direção da mediana das previsões foi de baixa, passando de 0,58% para 0,57% de uma semana para a outra. Há quatro edições Focus, estava em 0,60%.

De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em dezembro, o BC projeta que a inflação encerre este ano em 6,2% no cenário de referência e em 6,3% pelo de mercado. Para 2017, a estimativa da autoridade monetária está em 4,8% pelo cenário de referência e de 4,9% pelo de mercado. Na ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição informou que houve aumento desses porcentuais nos dois casos em ambos cenários.

Preços administrados – As projeções do mercado financeiro para os preços administrados finalmente deram um pequeno alívio no Relatório de Mercado Focus Vilões da inflação de 2015, ao subirem 18,07%, a expectativa agora é de que terão alta de 7,50% este ano e não mais de 7,70%, como constava do boletim anterior. Quatro semanas atrás, a mediana estava em 7,62%.

No caso de 2017, a mediana das expectativas permaneceu em 5,50% pela 11a semana consecutiva. O BC conta com forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5%. Conforme informaram Tombini e o diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, a expectativa é a de que, apenas no primeiro semestre deste ano haja uma desinflação de 2 pontos porcentuais. Entre outros pontos, eles contam com a ajuda dos preços monitorados ou administrados pelo governo.

No último Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, o BC escreveu que, em 2016, a dinâmica dos preços administrados, aliados a outros componentes, são “fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), em 2017”.

Na mais recente ata do Copom, a previsão do BC para os administrados saiu de 5,9% para 6,3% e a de 2017 ficou em 5%. No documento, o BC enfatizou a alta dos preços das tarifas de transporte público ocorrida em várias capitais do País. Há a expectativa de que o segmento de energia ainda possa dar um alívio à inflação.

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