O clima é de cizânia entre quem saiu, quem ficou e quem foi remanejado na equipe de Rodrigo Rollemberg. Há alguns dias os socialistas de dentro e de fora do Palácio do Buriti não se entendem. A disputa se dá em torno de um bolo de valor estimado em 110 milhões de reais.
O fruto da cobiça é uma fatia da conta de publicidade. E como a propaganda é a alma do negócio, há quem fale abertamente que 2016 será o ano da compensação. O bolo, portanto, deve ganhar fermento pelas mãos de Thiara Zavaglia, pupila do ex-secretário Hélio Doyle que continua dando as cartas nessa área.
Apesar de o orçamento prever 110 milhões, projeta-se informalmente o reforço de verba complementar. O objetivo seria contrapor os 75 milhões de reais destinados ao setor no atual exercício, e manter uma gordura para quitar velhos débitos.
É esse bolo fermentado a causa da disputa na confraria de Rollemberg. Já se sabe que três grandes agências de propaganda contratadas na administração anterior não estarão a serviço do governo a partir de janeiro. E muita gente queria colocar a mão na massa, indicando as novas empresas por meio de contratos emergenciais.
Está decidido que a Agnelo Pacheco, Propeg e Tempo Propaganda perderão as contas. Mas seus dirigentes prometem recorrer. O argumento é o de que prorrogação de contratos, ao longo dos anos, criou uma espécie de jurisprudência no mercado publicitário.
Enquanto acende o forno, o Palácio do Buriti sinaliza com uma nova licitação, mas sabe que o tempo é curto. E como inexiste tempo hábil, foram previamente selecionadas para servir a Rollemberg as agências Stillus Propaganda, De Britto Publicidade e Link Bagg Comunicação.
As três têm muita coisa em comum. Ou trabalharam para Rollemberg na campanha de 2014; ou atendem ao PSB a nível nacional; ou, por fim, fazem as campanhas para o Ministério da Ciência e Tecnologia, uma espécie de filão dos socialistas dentro do governo petista de Dilma Rousseff.
Essas agências são identificadas pelo próprio mercado como de sala e cozinha do atual ocupante do Palácio do Buriti. Por essa condição, serão convidadas a assumir as campanhas promocionais e institucionais do governo em caráter emergencial a partir de janeiro. Isso, apesar de estarem em vigor os contratos com a Agnelo, a Propeg e a Tempo.
É aí que reside o problema. Publicidade costuma render muitos frutos, seja para o contratante, seja para o contratado. O filão é grande. A suposição era a de que fosse realizada uma nova licitação. Essa possibilidade despertou muitos interesses. Nomes foram colocados na mesa para atuarem como membros da comissão licitatória. No fundo, para defender esse ou aquele interesse.
Porém, a informação de que o tempo é curto e que consequentemente três agências seriam contratadas em caráter emergencial, provocou um curto-circuito. Sem vislumbrar uma fatia do bolo, a turma que continuou na equipe de Rollemberg fez cara feia para quem saiu. E anda jurando por aí que fará de tudo para que a lei seja cumprida. Ou, em outras palavras, que a Agnelo, a Propeg e a Tempo continuem atendendo a conta até que surjam os vencedores de nova licitação.
Até que se tome uma decisão, o bolo deve azedar. E a indigestão pode atingir os que ficaram, os que foram remanejados e os que saíram do governo, mas não da confraria do governador.
José Seabra