Pobre de verdade
‘Bolsa Família é para quem precisa; é coisa passageira’
Publicado
emEduardo Rodrigues, Carla Araújo e Fabrício de Castro
O presidente da República, Michel Temer, fez nesta terça-feira, 8, uma defesa de programas sociais mantidos em seu governo e destacou iniciativas tomadas em seu governo. Ao abordar o Bolsa Família, Temer afirmou que o programa é importante para a população mais pobre.
“Tem gente paupérrima e o Bolsa Família é importante. Mas o Bolsa Família é uma passagem”, ponderou o presidente. “Cuidamos no governo de revalorizar o Bolsa Família”, disse, na abertura do seminário Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília. O evento também conta com a participação do ministro da Fazenda.
Temer citou ainda o Minha Casa, Minha Vida, voltado para a construção de moradias. “Uma vertente (do programa) é que ele ajuda as pessoas pobres a conseguir o imóvel. Outra vertente, é que movimenta o setor. Isso mobiliza o setor de construção, de materiais de construção, de construção civil em geral”, afirmou.
O presidente destacou ainda que, na quarta-feira, 9, o governo planeja lançar o Cartão Reforma. “Ele dará a possibilidade de receber até R$ 5 mil na Caixa para reformar sua casa. Vamos fazer uma experiência com este cartão, que também vai movimentar a construção civil”, afirmou Temer.
O presidente citou ainda, em seu discurso, a intenção do governo de promover a regularização fundiária nas cidades. “Muitas pessoas têm casa, mas não têm título. Isso (a regularização) está sendo traçado pelo Ministério das Cidades”, citou.
Obras – Temer afirmou que, em reunião ocorrida na segunda-feira, 7, com ministros, foi feito um levantamento a respeito de obras paralisadas no País. “Determinei ao Planejamento que checasse as obras que demandam de R$ 500 mil a R$ 1 milhão, para haver a retomada das obras”, comentou. “Há 1.600 obras paralisadas. Isso vai significar ao Estado a recuperação de cerca de 45 mil empregos. É pouco, mas é algo que movimenta a economia brasileira”, disse Temer.
Previdência – O presidente afirmou ainda que o governo mandará ao Congresso a reforma da Previdência Social. “Os Estados estão praticamente quebrados, fruto da Previdência Social. A reforma interessa à União, aos Estados e aos municípios”, disse.
Temer defendeu ainda que a Reforma da Previdência é “quase uma consequência do teto”. A referência foi feita à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos federais e que está em tramitação no Senado. “Se não tomarmos cuidado teremos déficit a 100% do PIB, o que vai ser um desastre”, alertou Temer.
Em outro momento, Temer defendeu a parceria entre poder público e setor privado. “Sabemos que o Poder Público não pode fazer tudo sozinho. Usamos o diálogo para convencer. Podemos juntos vencer esta crise que tomou conta do País. Não vamos esconder a crise gravíssima que estamos vivendo”, disse o presidente.
Investimentos – O presidente da República destacou também que a retomada da confiança na economia já se reflete em alta significativa na Bovespa e afirmou que o Brasil pode recuperar em breve o grau de investimento. Salientou a recuperação do valor de mercado da Petrobras e do Banco do Brasil, além de outras empresas privadas listadas na Bolsa de Valores.
Temer também citou que há uma previsão de safra “extraordinária” para o agronegócio brasileiro em 2017. “Isso pode fazer o Brasil voltar a ter grau de investimento”, projetou, citando a melhora a nota de risco do País nos últimos meses. “Eu estou falando de seis, de quatro meses”, detalhou.
“Algumas ações subiram mais de 200%. então esse clima de confiança vem repercutindo positivamente”, afirmou. Segundo ele, a BM&F Bovespa teve alta de 50% nos últimos meses e ainda não chegou ao seu patamar mais expressivo. “Está para sair 70 empresas que pretendem colocar ações no mercado, talvez 25 já no ano que vem”, completou.
Confiança – Para o presidente, grande problema do Brasil é o problema da confiança, mas citou que te trabalhado para trazer a iniciativa privada pra dentro do governo, por meio das concessões.
“A confiança é fundamental porque gera até um fenômeno psicológico, enquanto a instabilidade gera dúvida no investidor. Mas não importa o que aconteça, porque o País é uma instituição. Se nós todos trabalharmos pelo País, ele ganha mais musculatura e mais força e segue adiante”, avaliou.
Temer disse que os temas do seu governo são diálogo e reformas e que é necessário “reformar para crescer”. “Essa é a ideia.” O presidente citou ainda o acordo de repactuação trabalhista e disse que o Supremo Tribunal Federal tem dado decisões favoráveis à tese de que o acordado pode ficar acima do legislado. “Quando há desarmonia entre poderes há uma inconstitucionalidade”, comentou.
Por mais de uma vez, o presidente disse que o governo precisa do apoio da iniciativa privada. “Com essa visão e essas ideias, e com o pleito de que devemos trabalhar juntos, é que venceremos os dramas verdadeiros”, disse.
Ao lembrar que está há cinco meses no poder e que teve sua passagem como interino, Temer disse ainda que não é possível corrigir todos os problemas no curto prazo. “As pessoas querem que o novo governo assuma que dois meses depois o céu esteja azul, mas a retomada é paulatina, lenta”, afirmou.
Por fim, ao afirmar que tem a “esperança” de que no segundo semestre de 2017 o PIB não seja negativo e haja a retomada do emprego, Temer brincou com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e disse que se o resultado não for alcançado “podem cobrar do Meirelles”.