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Vivo ou morto

Bolsonarismo aguarda 2026 respirando por aparelhos

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Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile/Via MST - Foto Joédson Alves/ABr

A apresentação da denúncia da PGR é mais um passo em direção a um futuro que mesmo a família Bolsonaro e o PL já consideram inevitável: a condenação e, posterior, prisão do ex-capitão. Ainda que já fosse esperada, a denúncia de 24 militares (entre os 34 denunciados), incluindo quatro generais e um almirante, é histórica e uma ruptura na tradição de impunidade aos impulsos golpistas dos quarteis.

É verdade, porém, que a contrapartida é a adoção da ?narrativa Múcio?, expressa no próprio documento da PGR, de que o ?Exército foi vítima e que foi a não-adesão dos oficiais que impediu o golpe?. Para um avanço maior, seria preciso contrariar Múcio e reformar o artigo 142 da Constituição, recomenda Maria Cristina Fernandes, aquele que os militares interpretam como uma fictícia autorização para atuar como ?poder moderador?. Quanto a Bolsonaro, se ele pessoalmente é carta fora do baralho de 2026, seria precipitado imaginar que já está morto na política.

O bolsonarismo ainda respira mesmo depois do atentado ao STF e da prisão de Braga Netto e, mesmo que menor, o ex-capitão ainda detém um espólio eleitoral considerável. Como se viu pelas manifestações de solidariedade imediatas de líderes da extrema-direita, como Nikolas Ferreira e o Tenente Coronel Zucco, mas também do governador e do prefeito de São Paulo. Bolsonaro precisa manter sua força social para tentar quaisquer chances de sobreviver ou de negociar no julgamento e quem quiser disputar as eleições pela faixa da direita também precisa deste espólio.

Assim, é bem possível que pequenas escaramuças como o projeto de Anistia no Congresso ou o projeto de Ficha Limpa percam força, mas não significa que o bolsonarismo está extinto ou outras reações não sejam tomadas, como o ato convocado para março. Até ter certeza que o bolsonarismo abandonou Bolsonaro, a direita também não o abandonará. Até lá, Bolsonaro vai continuar fingindo uma candidatura para esquentar a cadeira para o filho Eduardo, enquanto bloqueia a emergência de outros pretendentes.

E quem quiser protagonismo vai ter que se arriscar agora e se afastar do clã. Neste cenário, a aposta do Planalto é deixar o protagonismo para o Judiciário e acompanhar o dilema do centrão, apostando que a turma mais pragmática da política brasileira vai ficar com o governo, mesmo que por falta de opção.

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O Boletim O Ponto é produzido por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile para o MST

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