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Ninguém sabe como termina.

Bolsonarismo dá tiro no pé e Heleno entra na roda golpista

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Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile/Via O Ponto - Foto Valter Campanato

Se o objetivo da CNN com o vazamento dos vídeos do dia 8 de janeiro era fazer a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sair do papel, o plano deu certo. A aposta da oposição é arrastar o governo para o olho do furação, apresentando evidências do envolvimento de pessoas de confiança de Lula com os invasores da Esplanada. Com isso, o bolsonarismo almeja fazer o governo compartilhar a responsabilidade pelos atos golpistas e, de lambuja, trazer numa bandeja a cabeça de mais um ministro, de preferência Flávio Dino.

Nesse cenário, o esforço do ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, em defender a conduta do general Gonçalves Dias só joga mais água no moinho da direita. Mas a política brasileira costuma escrever certo por linhas tortas. Com os vídeos vazados, o bolsonarismo conseguiu alavancar audiência nas redes sociais, mas não foi capaz de furar sua bolha. Além do mais, é muito improvável discutir o 8 de janeiro sem tocar no nome de Jair Messias.

O voo de galinha terminou com uma semana desfavorável para a família Bolsonaro, com o depoimento do capitão na PF, culpando a morfina por seus devaneios golpistas, e as novas revelações do envolvimento de Michelle no esquema das joias sauditas, além da constatação do MPF que houve crime no episódio. O que lembra a oposição que, apesar da CPMI, os inquéritos da PF e a ação do STF são um contraponto permanente a qualquer tentativa de isentar o bolsonarismo das responsabilidades pelo 8 de janeiro.

A base governista no Congresso também entendeu que quem deve temer as investigações são os golpistas e ajudou a aprovar a instalação da CPMI com folga na última quarta (26). Com isso, é provável que o partido de Bolsonaro fique escanteado e o governo garanta maioria dentro da Comissão, o que não evitará que a CPMI vire um circo e atrapalhe a aprovação de matérias importantes no Congresso.

Mas há um outro fator decisivo: quem também tem a perder são as forças armadas, envolvidas até o pescoço no ensaio de 8 de janeiro. E se o governo até agora poupou alguns oficiais e até deve manter o GSI sob comando dos militares, pode ser que a guerra dentro do Congresso altere este quadro, a começar por trazer para a roda o nome do general Heleno.

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