Turma do contra
Bolsonarismo dá tiro no pé e pode afundar de vez em 2024
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emEnquanto Lula tentava construir maioria para destravar sua agenda de reformas no Congresso, o bolsonarismo lutava para jogar areia nos planos do governo. Aliás, desde o início Bolsonaro se opôs à reforma tributária e tomou para si o discurso contra o aumento de tributos acreditando que com isso ganharia os liberais.
Erro de avaliação alertado há muito por Tarcísio de Freitas. Mesmo assim, o capitão insistiu a ponto de entrar pessoalmente na batalha para arregimentar os votos da oposição no Senado, e acabou perdendo feio. Claro que a intransigência contribuiu para desidratar a proposta original do governo, o que pode servir para alimentar o espírito de vingança do capitão e recuperar sua tão pequena autoestima, já que não tem vitórias para comemorar.
Afinal, o bolsonarismo continua gerindo a própria crise e sobrevivendo das escaramuças em torno das pautas ideológicas, onde encontra aliados no agronegócio e nos vestígios do lavajatismo, unidos mais uma vez na ladainha contra a politização do Enem, ou ganhando holofotes do embaixador de Israel no Brasil.
Pode, às vezes, comemorar os erros do próprio governo quando o assunto é segurança pública, como os retrocessos consolidados na nova lei orgânica da Polícia Militar aprovada esta semana no Senado. Ou dar um suspiro de alívio quando uma delação premiada que prometia mundos e fundos se arrasta e vai sendo questionada por um subprocurador da República.
De resto, faltando apenas um ano para as eleições municipais, as lutas intestinas consomem o bolsonarismo por dentro, a ponto de criar problemas para o próprio projeto econômico da direita. É que o apagão elétrico em São Paulo foi tão feio que não só deu munição para a esquerda, mas também para os bolsonaristas que, como Fabio Wajngarten, passaram a criticar o governador Tarcísio de Freitas e sua política privatista. É a cara da miséria de uma aliança baseada mais em interesses que em convicções.