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Bolsonarismo faz conta eleitoral que não fecha

Levado à lona por uma canetada do ministro Alexandre de Moraes, o carequinha mais amado e mais odiado do Supremo Tribunal Federal, o capitão presidente, como qualquer outro candidato presidencial, ainda pode se recuperar do inesperado nocaute. Inesperado entre aspas, na medida em que seu principal sparring tantas aprontou que também acabou perdendo o rebolado. O salseiro produzido por sua excelência de toga encerrou uma longa história de dependência dos marqueteiros do mito com as fake news. O resultado prático da bic de Moraes foi a transformação do bolsonarismo em quase uma caricatura viva, conforme definição da cartunista Laerte. Parece o fim da linha? Não sei. Convém esperar um pouco mais.

O que se sabe é que os fatos novos capazes de tumultuar o pleito estão rareando. Nem mesmo o medo do comunismo assusta mais nenhuma criancinha. Como uma velha e embolorada cortina de fumaça, a última dessas ocorrências foi levantada semana passada com a afirmação de que o filme Como se tornar o pior aluno da escola, de Danilo Gentili, faz apologia à pedofilia. É uma deslavada mentira. No fim e ao cabo, o que de fato ocorreu foi a reencarnação da censura. Não tenho qualquer simpatia pelo apresentador e não gostei do que vi em chamadas de bastidores. Por isso, não assistirei e não recomendo o filme. Simples assim. Que façam o mesmo aqueles que se sentirem ofendidos.

Mesmo que não vejam, antecipo que as imagens não são piores do que aquelas produzidas por um mandatário travestido de pedinte comendo frango com farofa em uma rua do Distrito Federal. Continuo crítico do governo do fim do mundo. Entretanto, impossível não registrar o otimismo (ainda que medroso) de amigos e antigos companheiros de trabalho com a “desenvoltura” política do capitão, cujo maior feito de 2022 foi apoiar, pública e pessoalmente, o camarada Vladimir Putin no intento de invadir a Ucrânia. Tudo bem que o ano está apenas começando, mas o nada vezes nada foi a mesma tônica dos anos anteriores.

Sobre o otimismo bolsonarístico, cito um entre muitos que recebo. Amigo de longa data e de inteligência ímpar, principalmente quando o assunto são os números e a informática eleitoral, o indigitado em questão fez uma pesquisa muito interessante sob o ponto de vista dos fanatizados informáticos. De acordo com sua contabilidade, Bolsonaro terá 60 milhões de votos no primeiro turno, contra cerca de 30 milhões de Lula e 20 milhões dos demais candidatos. Somados aos aproximados 10 milhões de votos nulos, 6 milhões de brancos e 20 milhões de justificativas, chegaremos a 146 milhões de eleitores, de um total de 150 milhões de brasileiros aptos a votar. Quer dizer, ainda falta a definição de 4 milhões de eleitores.

Portanto, é uma conta que não fecha como ele imagina. Admitindo como verdadeira a euforia do amigo, sinto informá-lo que, nesse caso, Lula estaria no segundo turno e em ampla vantagem, pois, associados aos 30 milhões do PT, outros 60 milhões de votos estariam soltos ao vento. Vale lembrar que faz algum tempo não há lufadas de vento para os lados do Palácio do Planalto. Nem uma borrasca ou uma brisa, muito menos sopros. Por outro lado, a primeira, segunda, terceira e quarta vias não têm simpatias golpistas. Então, melhor esperar o minuano que está se formando.

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