O presidente Jair Bolsonaro voltou a pregar um tom autoritário nesta quinta, 28, ao repreender a Polícia Federal por fazer, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, uma devassa na vida pregressa dos aliados e amigos do Palácio do Planalto.
Não sorriu, como na terça-feira, ao ser informado da operação de busca e apreensão contra o governador fluminense Wilson Witzel. Ao contrário, ele esbravejou, na porta do Alvorada – num visível clima de confronto -, dizendo que ordens absurdas não se cumprem.
O presidente parece sentir-se seguro com os generais que ocupam cargos no Planalto, criando uma espécie de escudo impenetrável. E que, supostamente respaldado por esses militares que sequer sabem o caminho de um quartel, decidiu recorrer ao velho jargão de que os amigos merecem tudo; já para os inimigos, que contra estes sejam aplicados os rigores da lei.
A Praça dos Três Poderes sedia, além do Executivo, o Legislativo e o Judiciário. E do Planalto – é essa a conclusão a que chegou o Supremo – são disparadas as mentiras, as ofensas e outras tantas safadezas que tentam atingir e denegrir, na forma de fake news, a imagem de congressistas sérios e de ministros da mais alta Corte do país.
O cidadão comum, que parece acordar para a triste realidade que todos vivenciamos, começa a descobrir que temos um mito de barro. Nas redes sociais sugere-se, por exemplo, que o Centrão, pai da velha política antes tão combatida por Bolsonaro, está inflacionando as contas do prometido apoio ao Planalto.
É que, como a mercadoria representada por votos no Congresso, ficou mais valiosa, a minoria parlamentar fisiologista reserva-se o direito de exigir a cadeira mais alta da República, mandando que o atual ocupante vá passear de jet ski nas águas do Paranoá, praticar tiro ao alvo no espelho e continuar pregando em sua live semanal o perigoso uso de cloroquina para combater o novo coronavírus.
Quando isso acontecer, e não deve demorar, a trupe bolsonarista será expulsa do curralzinho do Alvorada. E os ares de liberdade voltarão a circular por Brasília.
Um irônico usuário das redes sociais, prevendo o amanhã com os acertos de um Nostradamus moderno, e para ilustrar o Brasil de hoje, soltou uma de suas centúrias, parodiando Reginaldo Rossi. “Saibam que o meu Centrão vai me abandonar, vai se debandar quando o povão se levantar. Quando eu fugir me deixem escapar, pois o hospício é o meu lugar”.
Na voz de Bolsonaro, claro.