Quadro para 2026
Bolsonaro com cartão vermelho e saúde instável de Lula podem mudar sucessão
Publicado
em
Estamos há 19 meses das eleições presidenciais de 2026. É longe? Para vocês, caras pálidas, porque para Luiz Inácio e Jair Bolsonaro a corrida eleitoral começou em outubro de 2022, dias após Messias ter perdido para Lula da Silva uma contenda que parecia ganha. É bom repetir que parecia. Aliás, o verbo parecer talvez se repita em outubro do ano que vem. Como os dois lados permanecem no geme geme uh! uh!, tudo pode acontecer, inclusive nada. O primeiro passo do eleitor é saber se eles irão mesmo para uma nova e definitiva refrega.
Depois, é preciso saber que tipo de argumentos terão para tentar novamente convencer quase 160 milhões de eleitores. Por ausência cristalina de repertório, a princípio será eleito aquele para quem os faróis baixos da população apontar. Mais do que argumentos, falta a certeza de que ambos estarão lado a lado no campo de batalha. Apesar da disposição de Luiz Inácio, ainda faltam respostas conclusivas sobre sua capacidade física, única situação capaz de comprometer sua presença.
Embora não queira ser considerado carta fora do baralho, Jair Bolsonaro vive o drama do cartão vermelho. Punido com um amarelo do árbitro de campo, Alexandre de Moraes, recebeu o segundo de Paulo Gonet, juiz responsável pelo VAR. Até as paredes da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes já ouviram falar que não haverá sequer necessidade de uma nova revisão. Ou seja, a expulsão é pule de dez. Com isso, ficará mantido o afastamento dos gramados pelo menos até 2030.
Dito isso, parece que, inicialmente, o que parecia certo desaparecerá. Há três ou quatro meses, a reeleição de Lula era do tipo favas contadas. A sucessão de erros cometidos pelo vencedor da primeira peleja tirou essa hipótese da prateleira de troféus. Portanto, o véu de renda da quarta reencarnação não depende mais somente de alinhavos e de arremates na costura final de sua superfície. Após os ratos terem roído boa parte das emendas da renda, hoje o tecido político do suposto futuro candidato vai precisar de chuleados com pontos de linha sintética, bem mais resistentes do que as de linho.
Mesmo que ele e seus seguidores tenham achado certo, o grande erro de Jair Bolsonaro foi a ideia maluca de manter o fogo da guerra aceso intermitentemente. A brincadeira suicida de distribuir fagulhas àqueles que em breve o julgarão representou a gota d’água. O combate final está apenas no começo, mas tudo indica que um dos combatentes não subirá ao ringue, devendo ser substituído por um de seus atuais sparrings. Resta saber qual deles estará mais bem treinado para a escaramuça entre raivosos e esperançosos.
Até agora, o conflito está restrito aos bastidores. A dúvida, porém, é marvada. De um lado a desarrazoada dúvida a respeito da inelegibilidade de Bolsonaro. Perdão antecipado aos otimistas, mas Alexandre de Moraes e seus pares não voltarão atrás. O que está posto é irreversível. E quem Jair vai apoiar? Do outro lado, o petismo enfrenta dias, semanas e meses de indefinição. Luiz Inácio será mesmo candidato à reeleição? Se não for ele, quem Lula irá indicar? Enquanto isso, os eleitores embandeirados permanecem divididos nas arquibancadas gradeadas do estádio chamado Brasil. Além dos xingamentos mútuos, nas faixas e cartazes a pergunta é a mesma: Em quem vamos votar? Na plaqueta do quarto árbitro está escrito: Só Deus saberá.
……………………
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978