Os bastidores da política brasileira estão pegando fogo como rastilho de pólvora aceso com dois anos de antecedência. E a fumaça leva para o cenário de 2026, quando os ventos primaveris de outubro prometem colorir o verão de janeiro do ano seguinte, com festa na rampa do Palácio do Planalto. Por ora, um desconversa; já outro acha melhor costurar a aliança com firmeza para só então buscar visibilidade. São dois nomes fortes dispostos a bater de frente com Luiz Inácio Lula da Silva na sucessão presidencial. Jair Bolsonaro, presidente; Michel Temer, vice. Por trás de tudo, um sujeito oculto, mas que tem nome, CPF, muitos CNPJs e endereço fixo: Donald Trump, recém-eleito sucessor de Joe Biden na Casa Branca.
A ideia de uma chapa encabeçada por Bolsonaro, levando Temer a tiracolo, ganha força a cada dia. O assunto é discutido inclusive no Supremo Tribunal Federal, onde ao menos três ministros demonstram interesse em promover uma reconciliação entre setores opostos do espectro político. Esse movimento, que contaria com o respaldo do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, é visto como um passo para fortalecer a estabilidade institucional e política do país em um momento de desafios econômicos e sociais. A única condição é que, apoiando, Tarcísio tenha apoio para a própria reeleição, além da promessa de ser ele o nome para 2030.
A verdade é que a recente vitória de Donald Trump nas eleições americanas adiciona um novo elemento a essa equação. O triunfo trumpista é percebido como um fortalecimento das correntes conservadoras e nacionalistas no cenário global, o que pode influenciar positivamente a viabilidade da aliança entre Bolsonaro e Temer. Além disso, a vitória de Trump pode servir como um catalisador para a pacificação das relações entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes, que têm histórico de tensões.
A perspectiva de uma nova configuração política pode abrir espaço para o diálogo e a cooperação entre as partes. É bom lembrar que Xandão é cria de Temer. E quando a estabilidade institucional sinaliza riscos, o ministro do Supremo prefere ser cego, como é a Justiça, que fecha os olhos à parcialidade. Portanto, como representante do Poder moderador, ele não mediria esforços para ser o árbitro da pacificação nacional.
A aliança traz à tona as contribuições que cada ex-presidente deu ao país em suas respectivas gestões, além de abrir espaço para uma convergência entre posições ideológicas distintas. Durante seu mandato, Michel Temer foi responsável pela aprovação de muitos avanços, como a Reforma Trabalhista, que flexibilizou as relações de trabalho e visou impulsionar a geração de empregos. Ao mesmo tempo, Temer estabilizou a economia em um período de crise, retomando o crescimento do PIB e controlando a inflação. Isso trouxe alívio ao mercado financeiro e aos setores produtivos. Sua gestão também promoveu a reforma do Ensino Médio, alterando o formato da educação para aumentar a qualificação dos jovens brasileiros.
Jair Bolsonaro, por sua vez, deu continuidade ao projeto de mudanças, avançando na Reforma da Previdência, que reestruturou o sistema previdenciário e trouxe previsibilidade fiscal a longo prazo. Em seu governo, também foram realizados investimentos em infraestrutura, com destaque para a concessão de aeroportos, portos e estradas, modernizando e expandindo a malha logística do país. E mais: coube a ele implementar programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil, que, apesar de polêmico, beneficiou milhões de famílias em situação de vulnerabilidade.
O suposto apoio vindo de membros do Supremo, além de outras figuras influentes no cenário jurídico e político, é visto como um indicativo de que a união entre Bolsonaro e Temer pode ser viável. A chapa promete combinar a experiência de gestão pública e a representatividade de cada líder para formar uma frente capaz de lidar com os desafios do país. Caso se concretize, a aliança poderá oferecer um caminho de reconciliação e equilíbrio, unindo dois ex-presidentes em uma nova etapa de protagonismo político. Antes, porém, os postulantes terão de resolver duas questões bíblicas: 1) a Montanha de Maomé – quem vai ou quem espera que ela chegue? 2) o caminho das pedras da anistia, pois, quando inelegível, ninguém colhe os frutos das urnas.