Com prestígio, popularidade e apoio derretendo em praça pública, não resta a Jair Bolsonaro, senão tramar uma forma de bagunçar com tudo e com todos ‘ao mesmo tempo agora’.
Se correr, militares governistas pegam, se ficar o Centrão come. É desse jeito, andando na corda bamba mais do que previsível, que Bolsonaro passa os seus dias na casa de vidro, por conta de sua incompetência para estar ocupando o cago que ocupa.
O Estado de São Paulo publicou matéria em que o ministro da defesa, general Braga Neto, teria ameaçado o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, de não haver eleições em 2022 caso o voto impresso não seja aprovado na Casa.
O vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos, disse que não são os militares que irão decidir sobre as eleições. O líder da oposição, deputado Alessandro Molon, também se manifestou: “Quem realiza eleição não é o exército, não é a Marinha e nem a Aeronáutica, é o STE”.
Partidos de oposição foram ao STF questionar se o general Braga Neto pretende golpear a democracia. Os envolvidos, Braga e Lira, desmentiram veementemente a matéria do jornal, afirmando que não houve esse tipo de ameaça.
O presidente do STE, ministro Luís Barroso, disse que recebeu telefonema de Braga Neto negando a ameaça: “Conversei com o Ministro da Defesa e com o Presidente da Câmara e ambos desmentiram, enfaticamente, qualquer episódio de ameaça às eleições”.
No meio disso tudo, Jair Bolsonaro nomeou o presidente do PP, deputado Ciro Nogueira, para ser o ministro da casa civil. Nogueira está na primeira prateleira do Centrão e teve divulgado um vídeo de 2017, em que chamava Bolsonaro de fascista e Lula de “o maior presidente que o Brasil já teve”.
No filme O Poderoso chefão, de 1974, Michael Corleone, imortalizou a frase: “Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda”. Tanto os militares do governo, quanto a galera do Centrão são stakeholders, as partes interessadas no governo Bolsonaro.
Para misturar toda essa lama tem as denúncias da CPI sendo investigadas e, mesmo em recesso, não param de chegar provas que atestam que o governo de Jair Bolsonaro é uma teia de corrupção inigualável.
Com esses ingredientes explosivos sobre sua cabeça, Bolsonaro, que não goza de inteligência e leitura diplomática e não tem afeição pelo armistício, apostou por aglomerar toda essa gente próxima do seu gabinete, para facilitar quando tiver que responsabilizar alguém, que justifique uma saída golpista com seus verdadeiros aliados, alguns batalhões da polícia militar e a milícia armada.