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8 de janeiro

Bolsonaro e cúpula golpista viram réus e agora esperam prisão

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior - Foto Reprodução/X

Como na história do garçom que esqueceu a gorjeta sob a toalha, ou seja, esqueceu de pegar, o golpe tramado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e sua turma do mal estava pronto antes mesmo da vitória de Luiz Inácio. A ideia começou a ser posta em prática no dia 5 de julho de 2022, durante reunião gravada em vídeo no Palácio do Planalto O levante só não foi efetivado, em parte, por conta da incompetência dos articuladores e dos executores. No todo, a intervenção contrária do Estado Maior das Forças Armadas acabou cortando o barato dos estagiários de golpistas.

O resultado é o que os “patriotas” raiz e os brasileiros da paz e do amor estão vendo. Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal transformou a denúncia da Procuradoria-Geral da República em Ação Penal, o que significa dizer que, a partir de agora, são réus Jair Bolsonaro e mais sete pessoas acusadas de ruptura da democracia. Diretamente, todos participaram da tirânica proposta de impedir um presidente eleito de assumir a função para a qual foi democraticamente.

Para os que imaginavam o país uma terra sem lei, os cinco ministros da turma mostraram o contrário. Em outras palavras, ainda há juízes no Brasil. Tristes, infelizes, temerosos, mas ainda otimistas, os bolsonaristas continuam afirmando que nenhum dos envolvidos foi considerado culpado pelo STF. É verdade. Como se diz na gíria do Judiciário de Primeira Instância, eles estão no fio da navalha ou à beira do precipício. Basta um sopro e todos estarão prontos para provar o uniforme quadriculado dos pátios nada educacionais.

Triste, mas quem procura acha. Os golpistas acharam. Com a decisão desta tarde, também sentarão no banco duro dos réus os generais Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno, o almirante Almir Garnier Santos, o deputado federal Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, os acusados pertenciam a uma organização criminosa que buscava garantir a continuidade de Bolsonaro no poder, “mesmo após a vitória eleitoral de Lula”.

Relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes pegou meio mundo na mentira. É verdade que algumas portavam batons, mas não haviam Bíblias, fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim ou folders com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e de Brasília, onde ocorreram as maiores barbaridades contra a República. Em seu voto, o ministro Flávio Dino lembrou que muitos dos participantes da barbárie de 8 de janeiro de 2023 eram policiais e membros das Forças Armadas. E, segundo o ministro, esses só andam armados.

Ainda de acordo com Flávio Dino, há militares “mais apaixonados por armas do que por seus cônjuges”. Nenhum exagero na afirmação. Portanto, as armas não foram mostradas, mas estavam ali, o que prova que o golpe não foi dado por decisões contrárias à vontade dos bandoleiros e dos terroristas que não conseguem viver serenamente em coletividade. Só para avivar a memória dos esquecidos, rememoremos o 7 de setembro de 2021 na Avenida Paulista.

Diante de uma multidão de apoiadores, o então presidente disse em alto e bom som que só sairia do Palácio do Planalto preso, morto ou com a vitória. “Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso”. Eu, Mathuzalém Júnior, sempre achei o contrário. Depois dos votos de hoje, com certeza Jair Messias também mudou de ideia. A menos que se homizie na Embaixada da Turquia, na casa de Javier Millei ou peça carona no Trump Force One, o avião presidencial dos Estados Unidos, seu recolhimento será mais breve do que imaginam os incrédulos golpistas. As apostas continuam.

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*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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