Candidatos do centro se uniram neste domingo, 30, no penúltimo debate antes do primeiro turno das eleições, para atacar o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), que recebeu alta do hospital após 22 dias internado, e Fernando Haddad (PT). Bolsonaro, mesmo não estando presente, por recomendação médica, se tornou uma espécie de participante oculto do encontro. Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) colocaram-se como representantes do eleitorado que não quer nem o radicalismo de direita nem o de esquerda, em referência a Bolsonaro e Haddad.
Na reta final da campanha – o primeiro turno das eleições ocorre no domingo, dia 7 –, os presidenciáveis tentaram, mais uma vez, romper a polarização e avançar sobre o eleitorado de Bolsonaro se apresentando como ‘terceira via’. Já o petista Fernando Haddad, também atacado, foi o que mais poupou o candidato do PSL, seguindo a estratégia de levar o confronto para um eventual segundo turno, caso as pesquisas de intenção de voto se confirmem.
Líderes, Bolsonaro e Haddad marcam 28% e 22%, respectivamente, na última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. No segundo turno, a mesma sondagem mostra que Haddad venceria Bolsonaro. Ciro, em terceiro lugar, tem 11%; Alckmin soma 8%; Marina marca 5% e Meirelles, 2% das inteções de voto.
Unidos na mesma estratégia de expor as propostas e declarações polêmicas de Bolsonaro, Ciro, Alckmin, Marina, Meirelles e também Guilherme Boulos (PSOL) citaram, por exemplo, as falas contra as mulheres – para ressaltar as manifestações promovidas por mulheres em todo o País no sábado, 29 – e a declaração feita por ele semana passada de que não respeitaria o resultado da eleição caso não seja ele o vencedor.
Provocada por Ciro, Marina, por exemplo, disse que o deputado está “amarelando” porque tem medo da derrota.”Bolsonaro tem atitude antidemocrática, desrespeita as mulheres, índios, negros, a população brasileira. Com essa frase (sobre não aceitar uma eventual derrota), desrespeita o jogo democrático. Numa democracia, se não temos comprovação de que houve fraude, não se pode entrar no jogo se for para ganhar de qualquer jeito. Para mim, essas palavras só podem ser uma coisa: Bolsonaro fala muito grosso mas tem momentos que amarela. Amarela mesmo”, disse.
A candidata ainda aproveitou a tréplica para criticar também o PT. “Temos que enfrentar dois projetos autoritários: os que têm saudosismo da ditadura e aqueles que fraudaram a candidatura em 2014 pela corrupção, a Dilma e o Temer.”
Já Ciro criticou a ausência de Bolsonaro no debate após a alta hospitalar e lembrou que ele, mesmo tendo sido submetido a um procedimento cirúrgico (mais simples, é claro), optou por participar do debate anterior usando até uma sonda. “Estamos assistindo todos os dias declarações anti-povo, antipobre. Ele (Bolsonaro) nem sequer dá direito à população brasileira, estando sadio. O Brasil não aguenta mais essa radicalização odienta”.
Deixado de lado por seus adversários no primeiro bloco, Alckmin foi o penúltimo a falar, mas seguiu na mesma linha de crítica a Bolsonaro e ao PT. Lembrou as manifestações contrárias ao deputado promovidas por mulheres no sábado, 29, as quais classificou como “atos de civilidade” e se colocou como o candidato que pode unir o Brasil.
“Metade da população não quer nem os radicais de direita nem os de esquerda. Que são os dois com maior rejeição. Nós vamos trabalhar para unir o Brasil. Esses radicalismos pode aumentar o desemprego, aumentar a pobreza, dificultar a retomada do crescimento brasileiro. União é a palavra nesse momento”, afirmou Alckmin.
Meirelles, que no primeiro bloco fez uma ‘tabelinha’ com Haddad ao discorrer sobre termas de educação e saúde, também atacou Bolsonaro na segunda etapa do debate ao ressaltar que o candidato do PSL “não gosta do bolsa família” e não defende o cumprimento da lei para que mulheres ganhem o mesmo que os homens quando têm a mesma função.
Marina aproveitou a fala do emedebista para lembrar que o candidato a vice na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão (PRTB), também defende o fim do décimo terceiro salário e a recriação da CPMF.
Principais nomes da esquerda na disputa ao Planalto, Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) protagonizaram um forte embate no segundo bloco do debate da Record, realizado ontem. Segundo Ciro, Haddad aceitou aliança com Eunício Oliveira (MDB), no Ceará, a qual classificou como despudorada. Haddad, por sua vez, disse que apenas foi tomar um café com Eunício, ao passo que Ciro deu risada da afirmação e ressaltou que não aceitou a mesma aliança porque o presidente do Senado é corrupto.
Os dois ainda discutiram sobre a mais recente proposta de Haddad de fazer uma nova Constituição. Para Ciro, não se trata de uma iniciativa democrática, afirmação contestada por Haddad, que diz apenas querer reorganizar a Constituição, tão alterada por propostas de emenda nos últimos anos.