História de um genocida
Bolsonaro fica desmoralizado e golpe vai pro lixo
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emParte da esquerda brasileira tende a ficar excessivamente preocupada quando Jair Bolsonaro faz menção a golpe militar. A preocupação é justa, porém carece de observações históricas. O golpe militar de 1964 tinha apoio dos EUA, da mídia, políticos, empresários e militares de alta patente. O que não parece ser a realidade hoje.
A dança das cadeiras nos ministérios pode causar alguma apreensão, principalmente no da Defesa e na AGU. O general Fernando Azevedo foi demitido por Bolsonaro por negar apoio a medidas de exceção insinuadas pelo presidente.
Os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, colocaram seus cargos à disposição do novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, criando uma crise militar no governo que pode contaminar outros militares, fazendo com que o embrião do golpe venha a ser abortado. Não descarto a possibilidade de uma ‘segunda expulsão’ de Bolsonaro pelo Comando Militar.
Por outro lado, Bolsonaro é refém da facção parlamentar conhecida por Centrão, onde estão agrupados deputados que não têm interesse na subordinação do poder civil constitucional à caserna; os militares que apoiariam um possível golpe não sustentariam um regime; a imprensa e os empresários são contra ao delírio polichinelo; e os EUA não participariam de uma aventura anacrônica na América Latina, pois os instrumentos de dominação são sofisticados.
Não há possibilidade de um golpe militar ser bem sucedido sem os requisitos listados. Bolsonaro não goza de saúde psicológica, intelectual e até espiritual. É um soldado de chumbo perdido dentro de uma caixa de brinquedos. Sua capacidade de organizar um levante vai até Rio das Pedras, embora não falte desejo em transformar milicianos em guerreiros vikings, ninjas, espartanos ou mamluks, porém sua tropa mais aguerrida são militantes das redes sociais.
Na tentativa de criarem um clima de insubordinação entre policiais militares, bolsonaristas riscaram fósforos sobre o corpo do PM morto em Salvador com objetivo de intimidarem governadores, abrindo caminho para a decretação do estado de sítio e de exceção, violando os princípios da necessidade e temporariedade. Mas não deu em nada.
Atravessamos um momento crítico e de muitas incertezas desde que o país elegeu um político que se notabilizou pelas frases e atitudes racistas, homofóbicas, misóginas; que sempre fez questão de propagar a sua ignorância sobre temas relevantes na construção de uma sociedade, que nunca teve projeto aprovado em vinte e sete anos de atuação parlamentar.
Bolsonaro não terá condições logísticas e apoio necessário para concretizar seu projeto irracional de vida, que é ser um ditador comandando soldados na perseguição, tortura e morte de opositores. Seu lugar na lixeira da história já está assegurado como o genocida da pandemia.