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Bolsonaro manda tomar mansão de Richarlison, o herói na Copa

Richarlison é até aqui o herói brasileiro na Copa do Catar.  Mas o clã Bolsonaro, à frente o pai, Jair, e o filho 01, Flávio, não gostam dele. Ao contrário de Neymar, que fez campanha pela reeleição do presidente derrotado, o goleador do Brasil contra a Sérvia é politizado. Desenvolve um trabalho social de grandeza. Talvez por isso mesmo, e a exemplo do eleito Luiz Inácio Lula da Silva, é aplaudido pelos pobres.

Natural de Venécia, no Espírito Santo, Richarlison, 25 anos, quando não está vestindo a camisa Canarinho, faz gols pelo Tottenham, da Inglaterra. Seu salário anual, incluindo gratificações e campanhas publicitárias, beira os 50 milhões de reais. Parte desse dinheiro ele destina a instituições privadas de caridade que atendem sem-teto, sem roupa, sem emprego, sem saúde e sem comida.

Mas nosso herói dos gramados também pensa no futuro. E investe em imóveis. A aquisição mais cara dele foi uma mansão na Ilha Comprida, em Angra dos Reis (Rio de Janeiro), por 10 milhões de reais. Foi há dois anos. Quando o negócio estava prestes a ser assinado, Flávio Bolsonaro, invejoso, fez da residência seu objeto de desejo. E insistiu para que o proprietário voltasse as costas a Richarlison e desse a ele, o filho 01, prioridade na negociação. Como ouviu um ruidoso não, o senador decidiu mexer com seus pauzinhos e colocou no circuito seu amigo Willer Tomaz.

Parte de todo esse imbróglio é revelado pela Revista Forum, e Notibras foi atrás de novos fatos, como pode ser visto a seguir. Após conhecer e ficar deslumbrado com a mansão de 11 suítes, praia privativa, uma cachoeira, piscina, quadra de tênis e heliponto, Flávio assediou o então proprietário em diferentes ocasiões. Mas o ex-dono do imóvel, que pensa diferente de Neymar e outros bolsominions, repetiu não, sem indicar qualquer recuo.

Concretizada a compra, Richarlison introduziu algumas reformas e deixou a mansão para ser ocupada por um dos administradores dos seus bens. É então que começa toda a safadeza. A esposa do gerente do nosso herói no Catar, grávida, foi surpreendida no dia 13 de maio último, com a chegada de um oficial de Justiça e policiais com ordem de retirá-la do local, pois havia uma ordem de reintegração de posse.

A ação foi movida pelo escritório M Locadora, de onde Willer Tomaz, advogado, é um dos sócios. O argumento era o de que havia havia comprado a posse do imóvel do marido da cantora Clara Nunes – uma das primeiras donas do local, que foi casada com o compositor Paulo César Pinheiro. Essa suposta compra teria ocorrido em 1986, sendo a mansão revendida em 2002. Segundo o escritório, 20 anos depois, representantes dos espólios dos antigos donos da empresa, já mortos, reivindicavam a posse.

Acionados, os advogados da R 70, empresa de Richarlison, conseguiram provar a compra do imóvel e reverter a decisão. proferida pelo juiz Ivan Pereira, da Segunda Vara Cível da Comarca de Angra.

Willer Tomaz é amigo de Flávio Bolsonaro. E, por ordem do 01, recorreu à segunda instância da Justiça no Rio, alegando que sua empresa, a WT Administração, havia pagado 2 milhões de reais em pendências fiscais e administrativas da M Locadora, em troca da transferência do bem.

Para provar a transferência, Willer obteve em 11 de julho a regularização do cadastro do imóvel na Secretaria do Patrimônio da União. A SPU é subordinada diretamente ao gabinete de Jair, pai de Flávio, que é coladinho em Willer. A mansão foi erguida em terreno de propriedade do Governo Federal, que não vende, mas dá posse que se arrasta como capitania hereditária.

No dia 5 e agosto veio a última decisão, proferida pelo desembargador Adriano Guimarães, dando a Willer a posse do terreno e tudo o que há sobre e sob a área. Richarlison foi informado das últimas movimentações judiciais nesta sexta, 25. Interlocutores do jogador garantem que ele não se abalou. Nosso herói, é o que se comenta, tem mais bala na agulha do que os milicianos bolsonaristas.

Richarlison sabe, por exemplo, que o advogado de Flávio é safado, picareta, trapaceiro, corrupto, degenerado e ex-presidiário. E, pior, se gaba de comprar juízes e promotores. Willer Tomaz, ao final de todo esse processo, pode ir parar na cadeia de novo, por litigância de má-fé. E não será surpresa se tiver a companhia de quem mandou mexer nos processos lá na SPU. Além do próprio Flávio, claro, que já foi intimado para ser ouvido a pedido dos advogados de Richarlison.

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