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Bolsonaro perdeu o rumo de casa e pode achar o da prisão

O ex-presidente quer agora partir para a provocação à democracia. Não se conforma com as decisões do judiciário; acha que está sendo perseguido. Ele não cogita os erros cometidos como responsável pelo seu desastre político e existencial.

Quer medir força com a Operação Veritatis, que o desmascarou e comprovou as ações golpistas que ele encabeçou.
Julga a população idiotia, sem dispor de espírito crítico algum para ter um julgamento particular sobre o desastroso comportamento do ex-presidente no comando do governo.

Utilizou do cargo apenas para dar golpe. Exercitou-se na arte golpista e se soltou no comportamentalismo bizarro e fascista. A propensão ao golpe é explícita na histórica reunião de 5 de julho de 2022.

As provas que faltavam aos policiais e juristas para formarem juízo crítico embasado nos fatos vieram à tona com toda a violência política visando virar a mesa contra a democracia.

A disposição de Bolsonaro de convocar o bolsonarismo à revanche é para soltar instintos sociais de agressividade; representa reação às instituições que estão condenando-o mediante provas produzidas por ele mesmo. Caso, talvez, único no mundo.

Tratou-se de excessiva dose de autoconfiança super-prepotente da parte de alguém que se julga inatingível e crente que tem capacidade de convencer a todos dos seus argumentos fakes news. Mentiroso contumaz do século; pior que ele, talvez, o governador de Minas, Romeu Zema, que disse que devem ser vacinadas só crianças que sabem ciência, para julgar por si mesmas, se devem ou não vacinar.

Clima de confronto
O ex-presidente, que tem o privilégio de ter como correligionário Romeu Zema e sua cabeça sem noção, busca, desesperadamente, criar um clima de confronto com a justiça que já o tornou inelegível.

Ficou ou não mais difícil para o presidente tentar convencer a maioria do seu eleitorado de que não cometeu nenhum erro diante das provas do crime que podem condená-lo até 33 anos?

Será que bolsonarista seja burro a ponto de acreditar que o ex-presidente é apenas um perseguido, um coitado e não tem culpa nenhuma pelas movimentações golpistas, diante de provas abundantes?

Pelo sim, pelo não, Bolsonaro partiu para a luta política para além da discussão no âmbito da justiça. No placar do confronto, Bolsonaro está dançando.

A mais alta Corte do país, por intermédio de seu representante, ministro Alexandre de Moraes, está sendo vencedora, tecnicamente; sua excelência não vacilou na busca das provas, acionando a política federal. Por essa via, Bolsonaro não tem saída. Contra provas, não há argumentos, já diz a sabedoria popular.

O desafio bolsonarista, agora, é vencer desconfianças, apostando tudo nas fake news, sua especialidade. Contra provas, ele apresenta mentiras para mobilizar emocionalmente os bolsonaristas; mas passado mais de um ano das emoções eleitorais de 2022, os bolsonaristas não ganharam um mínimo de racionalidade para não embarcar mais de cabeça em irracionalidades?

O ex-presidente está em escalada desesperada: quer tentar mobilizar a massa bolsonarista para protestar e co.ntestar a justiça que o está encurralando com exposição farta de provas, levantadas pela PF.

Discurso de guerra
As emoções políticas exacerbadas ao provocarem conflito cria o ambiente de perigo e risco de guerra, de explosões sociais. Não estão afastadas faíscas na polarização política exposta.

Assim, eventuais confrontos nesse contexto de revanchismo bolsonarista ganhariam foros de guerra entre governo e oposição; emergiriam propensos confrontos e atentados à democracia, dados os interesses políticos radicalizados por trás de tais interesses.

Ficou comprovada a compulsão bolsonarista ao golpe como impulso natural de Bolsonaro, como revelaram as reuniões de caráter golpista que ele comandou contra a democracia.

O discurso de guerra que artificialmente constrói para arregimentar adeptos na Av. Paulista mais se assemelha à tentativa de forçar confrontos, para botar fogo na democracia.

O grito de guerra disfarçado de grito de paz para ocupar a Avenida Paulista significa, portanto, confronto com a democracia, agredida pela terceira revanche contra as instituições.

A primeira foi tentativa de empastelamento das urnas e produção de fraudes, com manipulação das forças policiais, empenhadas em enfraquecer ou destruir regime democrático; a segunda se efetivou contra as instituições, em 8 de janeiro de 2023, com a turba fascista numa emboscada contra os três poderes, apoiada por generais golpistas, revelados, escandalosamente, na fatídica reunião de 5 de julho de 2022.

Agora, pode estar ocorrendo a terceira tentativa caracterizada por motim político antidemocrático bolsonarista para protestar contra a ação democrática do judiciário de ir atrás de Bolsonaro de posse de provas incontestáveis, para prendê-lo por causa de atentado à democracia.

Direita alienada
Bolsonaro manipula e aposta na agitação da massa bolsonarista. Se ele encher a Avenida Paulista, sai nos braços do povo para nova candidatura presidencial. Os fatos forçariam julgamento no STF sobre inelegibilidade que o condena há oito anos sem mandato.

Aumentaria o seu cacife político-eleitoral para ser, novamente, a representação, em 2026, da direita conservadora e da ultra direita fascista. Mas, se flopar, adeus.

Fica claro que o bolsonarismo, comandado por presidente golpista, cercado de ministros golpistas, dominado por linguagem e filosofia golpista, é o movimento do golpe em si, como alternativa política, depois do fracasso das tentativas jurídicas frustradas.

Os fatos evidenciam que Bolsonaro sabotou a democracia, utilizando-a, apenas, de fachada, como ficou comprovada a reunião do golpe de junho de 2022; convivem-se, em Bolsonaro, as máscaras da falsa democracia e do fascismo.

Lula fortalecido
Nesse novo contexto político e psicológico, desencadeado pela Operação Veritatis, o cacife político do presidente Lula, em contrapartida, ganhará força, com chances de atrair dissidências da oposição, como parece já estar acontecendo com governadores antes bolsonaristas, agora, propensos aos acordos com Lula.

O eleitorado bolsonarista em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, não é bobo: diante da cruzada de negociação política de Lula em visita a esses três estados, enquanto, simultaneamente, a PF dava batida nas portas do bolsonarismo, colhendo provas que incriminam o ex-presidente, criou-se fato político que abala Bolsonaro e consolida Lula.

Mas, no cenário em mudança acelerada, nada estático, a expectativa está no ar: Bolsonaro vai ou não encher a Paulista?

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