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Alma lavada

Bolsonaro vê minguar a Lua que um dia foi cheia para o velho sr. Gorsky

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto Valter Campanato/ABr

Faz 56 anos que o homem pisou pela primeira vez na lua. Ainda hoje, nem todos acreditam. Faz três anos que o Poder Judiciário analisa a sucessão de malfeitos cometidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, entre eles a tentativa de golpe contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Poucos acreditavam que a Justiça chegaria a bom termo. No português mais castiço, a maioria achava que, mais uma vez, um julgamento de peso acabaria em pizza. Se deram mal. Ao contrário dos petrificados “patriotas” raiz, os esquerdopatas sonhadores e os brasileiros do binômio paz e amor estão despertando nesta quarta, 26, com a alma lavada, com o sorriso de uma ponta a outra da boca escancarada e cheia de dentes.

De modo mais prático, o sinal emitido na véspera pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal deixou boa parte da sociedade mais leve e, sem exageros, no mundo da lua. Algo muito parecido com o segundo comentário do engenheiro Neil Armstrong após pisar pela primeira vez em solo lunar, exatamente no dia 20 de julho de 1969. O primeiro foi “Este é um pequeno passo para o ser humano, mas um salto gigantesco para a humanidade”. Retornando à nave, enigmaticamente Armstrong disse: “Boa sorte, sr. Gorsky”. A frase ficou nos arquivos da Nasa e no imaginário do povo por décadas a fio.

Também enigmático sempre foi o futuro do ex-presidente incendiário e golpista Jair Bolsonaro, aquele que, um dia, se achou o senhor de todos os anéis. Como ação pretérita do verbo ser, fui não é mais passado. É o presente na forma ácida e no tempo devorador de bravateiros. Responsável direto por ressuscitar Luiz Inácio, mas derrubado por conta do prazer quase sexual pelo poder, principalmente pela cupidez com a tirania absoluta e sanguinária, Bolsonaro está a um passo do desgosto e do desprazer do cadafalso. Assim como chegou para o sr. Gorsky, parecem chegados o dia e a hora H para o ex-mandatário do circo dos horrores.

É claro que ninguém está feliz com os rumos do país pós-Bolsonaro, tampouco com a sina destinada a um indivíduo que, apesar do poço de maldades, fez bem a uma multidão de fanáticos soberbos e incapazes de perceber que o Brasil não é uma nação unitária. No entanto, a exemplo da alegria de Neil Armstrong ao revelar, bem antes de subir aos céus, em agosto de 2012, o que dissera depois de pisar na lua, não há como não se deleitar diante do regalo anunciado à população pelos juízes do STF. Ainda necessitando da martelada final, a decisão revela claramente que o circo não acabou em marmelada, muito menos em palhaçada. É Jair Bolsonaro na clausura. Valeu o que estava escrito desde o fim das investigações da Polícia Federal.

Jair Messias e, inicialmente os sete homens de lata de sua trupe sucumbiram aos fatos. Nada mais que seja declarado conseguirá reverter o quadro duramente pintado pelos cinco senhores de capa preta da 1ª Turma do STF. Não tem mais volta. Os denunciados perderem o timing de pensar no tempo que perderam tentando criar um fato novo, porém chato, para um tempo que não souberam aproveitar. Como tentam sugerir, a trama golpista não foi um passatempo de pessoas que tiveram todo o tempo do mundo para se mostrarem capazes de alcançar objetivos menos personalistas e mais profissionais. Espero que o sr. Gorsky tenha tido melhor sorte. A revelação de Armstrong não mereceu plantão da TV Globo, mas foi tão importante como a decisão do STF, pela qual, como democrata, aguardei 3 anos.

Bisbilhoteiro que sou, esperei até 5 de julho de 1995 para conhecer a verdade escondida pelo astronauta sobre o sr. Gorsky. A expectativa durou 26 anos. Ainda criança em uma pequena cidade do meio oeste americano, Neil jogava baseball com um amigo no pátio de sua casa. Num lance bizarro, a bola voou longe e foi parar no jardim ao lado, perto de uma das janelas da casa vizinha. Os vizinhos eram justamente o casal Gorsky. Quando Armstrong agachou-se para pegar a bola, ouviu a senhora Gorsky gritando para o marido: “O que? Sexo anal? Você quer sexo anal? Só terá meu Tonho no dia em que o homem caminhar na lua”. Eis a razão do recado direto da lua. Morrerei sem saber se o senhor Gorsky obteve êxito. Minha única certeza diz respeito à frase cunhada pelos bolsonaristas no plenário da Primeira Turma: “Se demos mal”.

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*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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