“Bom dia, dona. Vim medir o consumo da luz e lembrar que o Aedes aegypti voa por aí”
Publicado
emSabrina Craide
Welson Silva visita todos os dias cerca de 200 imóveis do Distrito Federal para fazer a leitura do consumo de energia de casas e lojas e entregar as contas de luz. Mas agora ele tem mais uma tarefa: identificar possíveis focos do mosquito Aedes aegypti em seu percurso.
Os 244 leituristas de energia da CEB Distribuição, empresa de energia que atende o Distrito Federal, começaram a mapear os locais onde pode haver larvas do mosquito no último sábado (13). Só no primeiro dia de trabalho, foram identificados 91 possíveis focos do transmissor da dengue, chikungunya e do vírus Zika.
Os leituristas não entrarão nos domicílios para fazer vistorias nem notificarão diretamente os consumidores sobre o problema. Na hora de fazer a leitura da energia, o profissional pode inserir um código específico no aparelho onde é marcado o consumo para fazer a indicação do possível foco. A informação será repassada pela CEB aos órgãos de vigilância ambiental, que irão até o local verificar se há larvas do Aedes aegypti.
“A gente chega em todas as casas e, com certeza, vamos achar mais focos do que se fosse só em uma casa. Se todos colaborarem, vai ficar mais fácil combater o mosquito, não adianta ser uma pessoa só. Não só o Exército, os agentes de saúde, mas todos os cidadãos têm que colaborar”, disse o leiturista.
Em uma casa no Núcleo Bandeirante, região administrativa a 13 quilômetros do centro de Brasília, Silva encontrou um bueiro com bastante água parada. A moradora da casa próxima, Sara Soares, disse que o local já foi limpo, mas a água voltou a acumular. Sara aprova o trabalho dos leituristas na identificação de possíveis focos do Aedes aegypti. “Eu acho bom, porque isso incomoda. Ninguém vem aqui, nem o dono do prédio aparece”, diz a moradora.
Segundo o gerente de serviços da empresa terceirizada que faz a leitura dos medidores da CEB, David Mendes, a ideia é que esse seja um trabalho contínuo dos leituristas. “Como os leituristas estão todos os meses nos mesmos locais, é uma pessoa que pode informar. E essa será uma informação contínua, não é só neste mês, no próximo mês ele vai estar aqui de novo”, explicou.
Atuação nacional – O Ministério de Minas e Energia estima que existam aproximadamente 40 mil leituristas em todo o Brasil, que visitam mensalmente entre 60 e 70 milhões de residências e comércios. Atualmente, 55% das 63 distribuidoras de energia do país estão com ações de combate ao mosquito, tanto no treinamento dos leituristas, como na impressão de avisos nas contas de luz e mobilizações internas.
O objetivo, segundo a Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), é fazer com que todas as empresas do país participem da campanha. “Todos concordam que é uma ação da maior relevância, então é só uma questão de treinamento das pessoas, de mobilização. Não existe ninguém trabalhando em sentido contrário, alguns se prepararam mais rápido, outros demoraram mais”, explicou o presidente da entidade, Nelson Leite.
Os leituristas recebem treinamento de profissionais de saúde que já atuam nas distribuidoras para identificar os focos do mosquito. De acordo com a Abradee, o trabalho dos profissionais não sofrerá nenhum tipo de interferência, alteração ou prejuízo por conta das notificações eletrônicas enviadas em caso de detecção de possíveis focos de criadouros do Aedes aegypti.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a participação do setor elétrico no combate ao mosquito é importante porque as empresas estão presentes em todos os municípios do país. “As distribuidoras e as empresas do setor elétrico em geral estão aderindo a este movimento para ajudar. A nossa capilaridade é muito grande, estamos presentes em todo o país e há um engajamento muito grande”, disse.
Além do trabalho dos leituristas, as contas de luz serão emitidas com alertas para os sintomas das doenças transmitidas pelo mosquito. “Febre, coceira, dor de cabeça e outros sintomas: pode ser dengue, chikungunya ou zika. Beba muita água e vá a uma unidade do SUS [Sistema Único de Saúde]”, diz a mensagem.
Agência Brasil