Bombeiros de alta plumagem, de plantão em Brasília nesta sexta-feira 24, fizeram um voo rasante e apagaram o princípio de incêndio que prometia se alastrar no ninho tucano da capital da República. O fogo foi provocado por um curto-circuito originário em informações de ondas radiofônicas, e dizia de uma suposta nova intervenção no Diretório Regional do PSDB no Distrito Federal.
– Isso não existe. O partido caminha tranquilo para eleger as zonais (a data fixada é 15 de maio), e em seguida, o novo diretório. O clima é de tranquilidade. Ninguém se bica. E creio mesmo que haverá consenso na composição da chapa que irá traçar os rumos do partido em Brasília, garantiu o senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado.
Informações desencontradas, como que produzidas por uma rádio fora de sintonia, indicavam que a Executiva Nacional tucana estaria prestes a renovar o mandato da comissão interventora. O argumento seria o de que a legenda não alcançara votos suficientes nas eleições do ano passado. Consequentemente, não teria preenchido os critérios de desempenho exigido nos estatutos da legenda. Essa versão, porém, foi questionada em nota emitida pelo próprio PSDB.
Os incendiários que tentaram atear fogo no ninho tucano seriam ligados ao grupo do empresário Márcio Machado, velho aliado do ex-governador José Roberto Arruda (PR), de quem Machado foi secretário de Obras. A ideia seria prorrogar o mandato da Comissão Interventora e aproximar o PSDB dos arrudistas, com vistas a uma aliança nas eleições municipais de 2016 na região do Entorno do Distrito Federal e à corrida ao Palácio do Buriti dois anos depois.
Sabe-se que dois grupos distintos disputam o comando do partido em Brasília. De um lado está o deputado distrital Raimundo Ribeiro, ex-líder de Rodrigo Rollemberg na Câmara Legislativa. Ao lado dele costumam planar tucanos fundadores da legenda, a exemplo de Eduardo Jorge (ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso); Luiz Pitiman, que concorreu ao governo com o aval do senador Aécio Neves; e Maria de Lourdes Abadia, ex-deputada, ex-governadora e uma das figuras mais ilustres da agremiação. O outro lado é representado pelo deputado federal Izalci Lucas, oriundo do PR – aliás, o mesmo partido que abrigou Márcio Machado e que abriga Arruda.
José Seabra