O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) decidiu responder aos comentários que o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), fez sobre sua derrotada candidatura à Prefeitura de São Paulo, quando perdeu o segundo turno para o atual prefeito Ricardo Nunes.
Em entrevista ao programa Roda Viva, enquanto defendeu a sua namorada, a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que também disputou a prefeitura mas que prou no primeiro turno, Campos disse que a derrota de Boulos deveu-se a uma “mudança de roupagem” do candidato do PSOL com objetivo eleitoral.
“A prática precisa caber naquilo que você fala, e o que você fala tem que caber na sua prática”, disparou Campos. “Tem 19 anos que ele [Boulos] se posiciona de um jeito em tudo. Aí, em um ano começa a revisitar todos os posicionamentos. Você acha que o povo não pensa. Mas o povo pensa”, completou o prefeito.
“Construí minha trajetória no movimento social. Não foi por sobrenome, não foi por herança familiar. O mínimo que se precisa ter na política, independentemente das diferenças, é respeito”, respondeu Boulos em entrevista a Mônica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, referindo-se ao fato de Campos ser herdeiro político do pai, o ex-governador Eduardo Campos, e bisneto do também ex-governador Miguel Arraes, uma das maiores lideranças da esquerda brasileira.
“Em 2020, quando se elegeu prefeito pela primeira vez, o mote dele era PT nunca mais, dizendo que os governos de Lula e do PT eram os mais corruptos da história. Na época Lula estava inelegível e tinha acabado de sair da prisão. Hoje Lula é presidente, e ele [João Campos] virou o maior lulista do país. Então, vamos parar de querer dar lição de moral alheia”, disparou Boulos.
“Eu tenho lado. Tenho posições firmes, e isso tem um preço. Eu não vou conforme o vento”, diz o psolista, afirmando que não recuou de posicionamento algum na disputa pela prefeitura da capital paulista.
Na entrevista, Boulos ponderou que “o João Campos conseguiu uma reeleição fenomenal [como prefeito do Recife], tem os seus méritos, sem sombra de dúvida. Mas não creio que ele está autorizado a me dar aulas de coerência”.