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Brasil bate cabeça com vizinhos e Amazônia vive beco sem saída

A Cúpula da Amazônia em Belém era central para reforçar a imagem de estadista de Lula e recuperar o papel do país como ‘líder dos emergentes’, impulsionado pelo cartão de visitas ambiental. Nesse sentido, a Cúpula teve sucesso onde encontrou consenso. Tanto os líderes dos países participantes, quanto os povos indígenas reunidos antes do evento, concordaram que a Amazônia não pode chegar num ponto de ‘não retorno’: se o desmatamento acabar com 25% da Amazônia, a floresta perde a capacidade de se regenerar e entra num processo de savanização.

Atualmente, 20% da Amazônia brasileira já desapareceu. Como principal definição, foi anunciada a Aliança Amazônica de Combate ao Desmatamento, com metas nacionais para alcançar o desmatamento zero. Para o Brasil, a data limite é 2030. Também foram importantes o estabelecimento de um Sistema Integrado de Controle de Tráfego Aéreo para o combate ao narcotráfico e outros crimes na região, e uma Coalizão Verde dos bancos de desenvolvimento para financiamento do desenvolvimento sustentável.

Porém, o documento final ficou pouco contundente e com mais desejos do que ações. E justamente por culpa do Brasil. Afinal, o que o governo não respondeu – ou não sabe dizer – é como parar o desmatamento sem mexer com seu amor não correspondido pelo agronegócio e com a mineração, que também envolve aliados locais como Helder Barbalho. E a principal polêmica veio da insistência do próprio Lula em explorar petróleo na foz do Amazonas.

Como deixou claro seu colega Gustavo Petro, é contraditório buscar a redução do aquecimento global, defendendo os combustíveis fósseis. Sem acordo, o tema do petróleo não entrou também no documento final, assim como o garimpo ou o agronegócio. Ao mesmo tempo, a rusga entre os presidentes da Colômbia e do Brasil relembra os atritos entre Lula e o presidente chileno Gabriel Boric em relação ao regime venezuelano, ocorrida em maio passado, reforçando a divisão das esquerdas latino-americanas.

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