João Carlos Marchesan
O discurso de exposição da nossa real situação em todas as possibilidades que temos dispensa maiores explicações. A crise que vivemos transcende o político, o econômico e chega ao social. O desemprego bate na porta da sociedade brasileira, chega a 12 milhões de pessoas e, de acordo com o que ouvimos em Brasília, pode chegar a 14 milhões no final do ano.
O caso brasileiro é agravado pelas crises política e fiscal e sabemos que com desemprego alto não temos mercado interno e, por mais que o atual governo faça, não conseguiremos inverter o processo da desindustrialização do nosso setor antes do próximo ano, quando esperamos que os investimentos voltem a fazer parte do cenário da indústria brasileira.
Temos convicção que a solução para essa crise delineada existe. Exige uma construção estratégica sensata e uma operação técnica e política delicada, com critério, contenção de gastos e inversão da política de juros altos e câmbio oscilante.
Temos projetos para as diversas áreas do governo que poderão inverter o rumo da crise e dar um fôlego para as nossas empresas.
Mas como faremos para sobreviver a esta travessia e para chegar até o momento de crescimento econômico? O Brasil está entrando em seu terceiro ano de recessão consecutiva. Desde 2013, todos os indicadores econômicos retrocederam: emprego, PIB, produção industrial, renda e consumo. O país entrou em uma crise fiscal sem precedentes. Na prática, o Brasil de 2016 está no mesmo nível de 2010. Perdemos seis anos. Por essa razão, temos que ter austeridade e persistência junto às autoridades para que possamos sobreviver.
Temos que fazer todos os esforços para atravessar essa fase. O Brasil precisa reduzir os juros, desvalorizar a moeda, estabilizar o câmbio e resgatar as empresas para que possam pagar os seus impostos. Precisamos sobreviver! Precisamos atravessar esse período!
O Estado brasileiro chegou ao seu limite. É um Estado demasiadamente caro, especialmente se levarmos em consideração a qualidade das políticas públicas em comparação com a elevada carga tributária. Sendo responsável pela arrecadação de mais de 35% da renda nacional, o governo brasileiro foi muito além de todos os países emergentes e da maioria dos países desenvolvidos.
Já passou da época de o governo dar um basta nesse círculo vicioso sem limites e começar a ser protagonista de uma nova história de desenvolvimento para o Brasil, tendo em vista as necessidades da indústria. O nosso compromisso é para garantir a sobrevivência da indústria nacional. E, para isso, continuaremos envidando todos os esforços.