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Brasil clama por pacotaço que dite novas regras para a política

A população quer mudanças profundas e urgentes na forma de fazer política no nosso país. Não foi à toa que milhões de pessoas, especialmente jovens, saíram às ruas em junho de 2013 pedindo mais transparência e mais participação. Não há outra forma de atender a esse clamor se não pela reforma política. Não dá mais para esperar!

É hora de unirmos forças – governos, parlamentos, Judiciário e, principalmente, a sociedade civil – para reivindicar e aprovar um pacotaço de mudanças. Doa a quem doer.

Na minha avaliação, um dos pontos primordiais de uma reforma política é o financiamento público de campanha como forma de acabar com a relação, muitas vezes nociva, entre o público e o privado, além de reduzir drasticamente a desproporcionalidade nas disputas.

No atual sistema, é óbvio que quem tem mais poder econômico ou capacidade de arrecadação tem mais acesso e divulgação e, na minha opinião, não é isso que determina o melhor para o país, Estado ou cidade.

Não devemos analisar um político pelo seu poder aquisitivo, mas sim pela sua competência e história de vida. O que vemos hoje é que uma grande parte dos candidatos investe milhões em campanha, e isso não pode acontecer.

Com o financiamento público, daríamos mais transparência e justiça às disputas, na medida em que estaria estabelecida a igualdade de oportunidades aos concorrentes.

Outras medidas, historicamente defendidas pelo partido do qual sou filiado, o PT, são a fidelidade partidária, o voto em lista nas eleições proporcionais, além do aumento da participação feminina na vida política.

Eu ainda defendo urgentemente um outro ponto da reforma política: o fim da reeleição. A política, assim como qualquer outro setor, precisa de renovação, de ideias novas. Na Câmara, quero fazer esse debate propondo que os mandatos, em todos os níveis, passem de 4 para 6 anos, sem reeleição. É preciso oxigenar a política brasileira.

Para mim, a renovação exige novas cabeças, pensamentos diferentes. Fiz isso no Corinthians, com a reforma do estatuto, que proibiu a minha própria recondução ao cargo de presidente. Como deputado, não penso diferente.

Penso que todas essas mudanças só serão possíveis com uma constituinte exclusiva para debater e deliberar sobre a reforma política. O PT busca colher pelo menos 1,5 milhão de assinaturas para levar ao Congresso Nacional o projeto de iniciativa popular, que propõe, a partir de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, lançar bases de um novo modelo de escolha e representação popular.

É hora de arregaçarmos as mangas e irmos pra luta. A reforma política deve ser uma das principais agendas do próximo período. A própria presidente Dilma sinalizou isso durante toda a campanha e em seu discurso após o resultado do segundo turno das eleições. Dilma propõe um plebiscito para que a população seja ouvida e escolha como se deve ser uma reforma do sistema político.

Infelizmente, a proposta pode não avançar, porque contraria alguns setores da nossa política e sociedade que, ao contrário do que pregam publicamente, não desejam ver mudanças.

Somente uma grande mobilização social poderá legitimar essa luta por uma democracia sem restrições, por uma reforma do nosso sistema político e eleitoral, por mais transparência e participação de todos.

Andrés Sanchez

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