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Ditados e trocadilhos

Brasil de Lula-3 está a caminho de cair em um novo conto do vigário

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo* - Foto de Arquivo

Dos numerosos ditados populares do Brasil, alguns definem de forma bem didática o atual estágio do povo brasileiro. Cada um sabe onde o sapato aperta e expressa as dificuldades e as razões para que a sociedade tenha tomado determinadas atitudes. Papagaio que acompanha João-de-barro vira ajudante de pedreiro ilustra a situação daqueles que fizeram escolha errada. As aparências enganam, Quem vê cara não vê coração e O hábito não faz o monge significam que muitas vezes julgamos uma pessoa de um jeito e ela mostra ser de outro. Ele nos ensina que a essência das pessoas é mais importante do que a aparência.

Um dos mais conhecidos, Nem tudo que reluz é ouro serve de alerta para que o homem não se deixe enganar por aparências, pois nem tudo o que parece é realmente aquilo que parece. Pensem nisso para evitar o replay do Conto do vigário. Aqueles que não aceitam ser fantasmas e a qualquer momento surgem do nada para aporrinhar justificam a expressão Quem é vivo sempre aparece. A voz do povo é a voz de Deus e A César o que é de César, a Deus o que é de Deus misturam política e religião e querem dizer que a voz do povo tem a força, o poder e carrega a verdade, Por isso, deve ser escutada. E não adianta trapacear com o famoso Dar uma de João-sem-braço.

Interessante como todos os ditos populares soam como recados claros àqueles que preferem lutar com violência por aquilo que não aceitam de bom grado o que a vida ou as urnas lhe deram. Se querem mais um recado, a esses eu digo que, embora longe do ideal político que sonhei, Quem espera sempre alcança e Antes só do que mal acompanhado. Reiterando que, apesar de uma insatisfação interior, aceitei, democrática e resilientemente, a opção da maioria do povo. Como Para bom entendedor, meia palavra basta, é aquela história do Caiu na rede é peixe. É o mesmo que dizer A cavalo dado não se olha o dente. Em outras palavras, não devemos criticar um presente ou algo que nos é dado, mesmo que não seja de nosso agrado.

Aproveitando a interação com as expressões populares, nada mais oportuno do que incluir Cão que ladra não morde para enfatizar a tese de que as pessoas que falam de forma ameaçadora nem sempre são tão perigosas. Gente desse naipe jamais vai aprender que Deus escreve certo por linhas tortas, isto é, que, às vezes, o caminho errado é valioso pelos ensinamentos que nos proporciona. Um dos ditados mais preocupantes e absolutamente normal para dezenas de milhões de brasileiros revela que De médico e de louco todo mundo tem um pouco.

Menos mal do que os que não sabem nada do povo, tampouco do país, mas se acham políticos. Tenho medo dos que têm certeza de que são.

Aos que apostam nesse perfil de ser humano, me limito a dizer: Diz-me com quem andas e eu te direi quem és. E direi com uma margem de erro mínima, algo como dois para cima e três para baixo. Se acharem demais, fiquemos no dois pra lá e dois pra cá. Melhor concordar para evitar mal maior. Afinal, enrolados em bandeiras do Brasil, À noite todos os gatos são pardos. Provérbio bíblico e muito utilizado pelos políticos brasileiros, É dando que se recebe está fora de moda. A ordem agora é lembrar que Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão e que Um dia é da caça e outro do caçador. Chegou novamente a vez da caça. E saibam que O diabo não é tão feio como pintam.

Como Em terra de cego quem tem um olho é rei, Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

O tempo é de flores e de mostrar que Quando um burro fala o outro abaixa a orelha. Por eles Eu não ponho minha mão no fogo. No entanto, sigo a lei natural da vida, cuja máxima estabelece que Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Dito tudo isso e considerando que Água passada mão move moinho, fico por aqui, pois Seguro morreu de velho. O que sei é que Não adianta chorar o leite derramado, porque A cobra vai fumar. Estamos na época em que Onde há fumaça há fogo. Por isso, certo de que Há males que vêm para o bem, decidi valorizar minha insignificância fazendo omeletes e quebrando os ovos, mas convicto de que Mais vale um seio na mão do que dois no sutiã. Aos que gostam, mas não entendem nada de recados, cabe perguntar: Jacaré no seco anda?

*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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