“Acabou. A equação brasileira é a seguinte: ou o país entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021.” Essa mensagem foi escrita no Twitter pelo neurocientista Miguel Nicolelis, mundialmente famoso por suas pesquisas sobre a interface entre cérebros e máquinas.
Professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos, Nicolelis foi um dos criadores do Projeto Mandacaru, grupo formado por voluntários das mais diversas áreas que dá orientação e consultoria sobre o enfrentamento da pandemia aos nove Estados que compõem a região Nordeste.
Em entrevista à BBC News Brasil, o neurocientista avaliou a repercussão de sua mensagem no Twitter e apontou a sequência de erros que, na opinião dele, colocam o país em segundo lugar no ranking de mortes por covid-19 no mundo.
Na entrevista ele disse estar ‘extremamente preocupado’ com o momento atual, de segunda onda de casos ou repique da primeira, agravado por campanhas eleitorais, aberturas pelo país e festas de fim de ano.
“Estamos num momento que era propício e imediato para ter uma intervenção nacional pela primeira vez. Para parar, para ter uma queda dramática e rápida de novos casos até que a campanha de vacinação começasse. Eu estou vendo esse momento com extremo pessimismo, porque a gravidade é óbvia”, enfatizou.
Questionado sobre o impacto econômico dessa medida drástica, Nicolelis afirmou que “se realizarmos um isolamento social rígido, um lockdown por duas ou três semanas, com só serviços essenciais funcionando, é possível minimizar os danos econômicos no futuro”.