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Brasil do amanhã, agora com Lula, já é hoje desde ontem

O presidente da Repúblical, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa para apoiadores no Festival do Futuro.

A chegada de 2023 coincidiu com a fuga do 22. Nada de extraordinário. O país ficou mais tranquilo, porque a razão da crise escafedeu-se, evaporou-se, sumiu na poeira encardida da terra do amarelão Donald Trump. Aliás, fugir desse jeito me remete ao passado bem distante lá nos subúrbios do sempre lindo Rio de Janeiro, apesar da bolsonarização de parte de sua população. A lembrança é dos velhos campos de peladas, mas especificamente do Arranca Toco Futebol Clube, onde iniciei e, em duas semanas, encerrei minha “vitoriosa” carreira de jogador de futebol. Graças a Deus, pude me dedicar ao que realmente gostava e sabia fazer: escrever. O tempo é um filtro, onde tudo passa e poucas coisas ficam, mas impossível esquecer quando ouvia a torcida gritar: “Pede para fazer o número 2 e sai”.

Natural e normalmente atendia sem traumas. Jamais pensei em recorrer aos então justiceiros do bairro para, mesmo fora de forma, me manter em campo. Também nunca simulei um piriri para justificar minha prematura e intempestiva jubilação da equipe. Sabia de minhas limitações e reconhecia como lógica a substituição logo no primeiro minuto da partida. O tempo era mais do que suficiente para que os torcedores percebessem minhas qualidades futebolísticas e exigissem minha reprovação sumária. Lembro bem que, a exemplo de um presidente reprovado recentemente, havia um grupo mais inflamado e antagônico que pedia minha permanência. Embora alimentando o ego, tinha certeza de que a ovação (não a de ovos) partia da turma que não torcia por mim, mas pelo despreparo mostrado pela (des)potente, (des) programada e ofuscada direita.

Ainda que tenha descoberto muitos anos depois, boa e certeira era minha esquerda. Por isso, entendia de pronto que o sonho da torcida adversária era me manter em campo para desestabilizar e desqualificar nosso esquadrão. O tempo passou e novamente me deparo com idêntica situação. Mesmo tardiamente, o presidente daquela longínqua, tupiniquim e tropicalíssima república se tocou. Pediu para fazer o número 2 e se picou. E para bem longe, permitindo que o sucessor fale de esperança, de ânimo, fé e de paz como sentimentos capazes de transpor obstáculos e de garantir novos horizontes. Mais uma etapa concluída, mais um ano que passou. É a certeza de que amanhã será outro dia. Na verdade, o outro dia começou ontem, 1º de janeiro.

O tal fujão não passou a faixa para o tri presidente e quase ninguém percebeu. Ou seja, não fez falta. Foi até melhor para quem a recebeu. Biroliro birrento mostrou o quanto é incapaz de conviver em sociedade. Em breve tempo, poucos sentirão sua ausência. A profusão de fogos rompendo o Ano Novo confirmou esta afirmação. Ele partiu e se foi deixando a nação que tanto diz amar à beira do colapso, a um passo do precipício. O patriota de porta de cadeia (nenhuma futurologia) fugiu e sequer se despediu de seus pares da enlouquecida seita criada para encher o saco da maioria dos brasileiros e lotar os bolsos dos falsos profetas do apocalipse e dos defensores do caos com recursos públicos ou do tutu sonegado por empresários antidemocratas.

O Brasil de hoje não é o de ontem, muito menos o de anteontem. É hora de voltarmos à civilização. Até sábado (31) à noite, era ele quem mandava. E, aparentemente escudado em coturnos estrelados, dizia sempre que “falou, tá falado”. Da mesma forma que gosto de lembrar de minhas lambanças como quase ex-futuro jogador de futebol, é bom reiterar que, “Apesar de você”, que, apesar de suas lambanças, principalmente as de número 2, “a gente está se amando sem parar”. “Você que inventou de inventar toda a escuridão, inventou o pecado, esqueceu de inventar o perdão”. Hoje é outro dia, é o dia da consolidação da democracia. Por isso, usando a verve de Julinho da Adelaide (o eterno Chico Burque), “eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia” do povo brasileiro.

Em nome dos 60,3 milhões de eleitores que votaram pela mudança, sugiro a você, inventor da tristeza, “que tenha a fineza de desinventar”. É “água nova brotando”. Pelo que se viu nesse domingo (1º de janeiro), tudo indica que “você vai pagar é dobrado cada lágrima rolada nesse meu penar”. Mesmo cristão convicto, “sem lhe pedir licença, eu vou morrer de rir, pois esse dia há de vir”. A democracia está de volta. A esperança e o amor voltaram. É o Brasil retornando ao seleto grupo de países em crescimento. Longe ou perto, nem você nem seus fanáticos seguidores conseguirão abafar o coro de brasileiros cantando: “Apesar de você”, amanhã já é outro dia. Bora ser feliz.

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