O Brasil e a China decidiram não participar do encontro internacional que será realizado em junho, na Suíça, para discutir um acordo de paz para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Moscou, por exemplo, parte interessada na discussão, não foi convidada para as conversas. A decisão chino-brasileira, apoiada também pela África da Sul, esvazia ainda mais o encontro de cúpula, segundo visão de analistas internacionais.
Brasil e China apoiam exclusivamente uma conferência internacional de paz “realizada num momento adequado que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com participação igual de todas as partes, bem como uma discussão justa de todos os planos de paz”, afirma um comunicado assinado por Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. ‘A única saída é o diálogo!, frisa o texto.
Na avaliação de Pequim e Brasília, devem ser criadas condições para a retomada do diálogo direto, com desescalada até que um cessar-fogo abrangente entre em vigor. Amorim e Yi acentuaram durante encontro na capital chinesa que a Rússia não pode estar ausente das discussões. O documento assinado pelos dois diplomatas ressalta que os ataques a civis e a instalações civis devem ser proibidos; é necessário opor-se aos ataques contra centrais nucleares e outras instalações nucleares pacíficas; a utilização de armas de destruição em massa, especialmente armas nucleares e armas químicas e biológicas, deve ser combatida; devem ser envidados todos os esforços possíveis para prevenir a proliferação nuclear e evitar a crise nuclear; o mundo não deve ser dividido “em grupos políticos ou económicos isolados”.
A iniciativa do Brasil e da China surgiu depois de os seus presidentes se terem recusado a participar na “cimeira de paz” da Ucrânia, marcada para 15 a 16 de Junho. O evento em Lucerna. Além dos líderes do Brasil e da China, a África do Sul também se recusou a participar do evento. Moscou considerou a conferência, para a qual não foi convidada, “sem sentido”. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a conferência claramente não é orientada para resultados, pois é impossível ter conversações eficazes sobre a Ucrânia sem a participação da Rússia.