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Brasil (e o mundo) voltam a conviver com fantasma da intolerância e supremacia

Nos últimos anos, assistimos a um preocupante crescimento de intolerância racial, de gênero e ideológica, especialmente na Europa e nas Américas. Esse fenômeno, que muitos acreditavam estar controlado, tem crescido com força, alimentado por discursos de ódio que se proliferam em meio à polarização política e social. O perigo que isso representa não pode ser subestimado, pois, em essência, o que estamos vendo é uma reminiscência das ideologias que levaram o mundo à beira do colapso no século XX.

Movimentos supremacistas, que pregam a superioridade de uma raça, gênero ou grupo, estão emergindo com retóricas perigosas, inspiradas em falsos sentimentos de injustiça ou perda de identidade. Não se trata apenas de uma questão de radicalização política, mas de algo que fere os valores fundamentais de convivência humana.

Um exemplo claro desse cenário é a crescente repulsa de grande parte da Europa à imigração de povos africanos e de origem árabe. A chegada de migrantes, fugindo de guerras, pobreza e opressão, tem sido recebida com hostilidade em várias nações europeias, que, ao invés de acolherem esses indivíduos em busca de uma vida digna, fortalecem discursos nacionalistas e xenófobos. Essa intolerância, travestida de proteção cultural e econômica, reflete um perigo real para a coesão social e os direitos humanos.

A pergunta que surge é: estamos à beira de uma nova era de segregação e opressão, tal como a que vimos durante o período nazista? O filme A Onda, baseado em uma história real, traz um exemplo chocante do que pode acontecer quando o fanatismo é alimentado e a sociedade se deixa levar por narrativas autoritárias.

No filme, uma simples experiência pedagógica se transforma em um movimento real de extremismo, mostrando como é fácil manipular mentes e criar um ciclo de intolerância. Se olharmos ao nosso redor, veremos que o enredo de A Onda (Die Welle, 2008), uma produção alemã dirigida por Dennis Gansel, e sua versão anterior, The Wave (1981), uma produção norte-americana dirigida por Alex Grasshoff, não estão tão distantes da nossa realidade.

A escalada de atos violentos contra minorias, a intolerância de gênero, o ódio contra migrantes e refugiados e até mesmo a demonização de ideias políticas divergentes são sintomas de uma sociedade que está se fragmentando. A lição que a história nos ensinou — e que muitos parecem ter esquecido — é que o caminho do extremismo e da intolerância só leva à destruição.

Se os governos e as sociedades continuarem a fechar os olhos para essas crescentes tensões, o risco de uma nova onda de autoritarismo é real. Pior ainda, corremos o risco de ver uma regressão nos direitos humanos e na democracia, que foram conquistas duramente alcançadas. A intolerância não é uma simples opinião divergente, ela é o catalisador de crimes de ódio, de segregação e, como vimos no passado, de genocídios.

Não podemos permitir que o legado de ódio e segregação retorne. É preciso combater essas ideias antes que se tornem parte de um movimento incontrolável, assim como aconteceu em A Onda. E, para isso, é necessário que cada um de nós faça a sua parte, promovendo o diálogo, a empatia e, acima de tudo, o respeito ao outro. Porque a alternativa a isso, já sabemos, é sombria demais para ser revivida.

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