Para a família das joias das arábias, negar é arte do possível. A ordem no clã é negar, negar, negar, negar sempre, mesmo que a negativa seja cristalinamente positiva para a Polícia Federal e para os organismos do Poder Judiciário. Apesar de não mudar absolutamente nada no quadro já pintado pela “puliça”, para os integrantes da famiglia o silêncio vale ouro. E eles juram mentira faz algum tempo. O membro maior(?), aquele que já se declarou imbrochável, negou que se elegeu presidente da República, negou que perdeu a eleição, negou que mentiu grosseiramente contra as urnas eletrônicas, negou que tenha corrompido um hacker de periferia, negou a recusa para a compra de vacinas, negou que as joias dos sheiks estavam com ele e provavelmente vai negar que ele é ele quando chegar a hora H do dia D.
E de nada adiantará continuar negando, na medida em que o Brasil inteiro já sabe quem é o mentiroso. A ex-moça da Ceilândia é outra que nega tudo, inclusive sua origem franciscana. Do “empréstimo” ao laranja Fabrício Queiroz às contas domésticas pagas pelo carregador de malas Mauro Cid, Miss Bardot jura de pés e mãos juntos que jamais viu as joias que ela ganhou na Arábia Saudita. Será que dona pureza fez questão de esquecer que há uma lista produzida pelos antigos aspones da Presidência da República? Se não for aquela doença que os leigos chamam de “maionese”, a madame deve estar pra lá de Bagdá. Aliás, será que ela foi mesmo a primeira-dama da lambança? Enquanto as digitais não são tomadas publicamente e em rede nacional, lembro que não há mais nada a esconder.
Tudo está declarado, escrito, somado, dividido e multiplicado. Tirando os noves fora, o tempo de escuridão provavelmente será longo. Embora com apoio do povo que aplaude a vitimização, a incriminação de terceiros e, sobretudo, a palhaçaria, a sociedade dita comunista venceu e nos livrou de um mal maior. Resta a certeza de que a massa não é besta. Besta é tu, besta são aqueles que ainda acreditam em duendes e marcianos. Para estes, se não há outro mundo, por que não viver em nosso mundo? Que as Forças Armadas também consigam se livrar desse tipo de super-herói. Passados quatro anos e nove meses, continuo sem saber quem é a ovelha branca da família do pastor de vacas loucas e touros covardes.
Parece que ainda está para nascer, mas com certeza não estava no 11, no 17 ou no 22. Por onde andará? Como o gancho é a negativa, jamais neguei minha ojeriza pelo nada nobre cidadão em questão. Enquanto cristão, respeito o ser humano. Entretanto, não tenho simpatia alguma pela sua pessoa, tampouco apreço pelos que defendem a conduta obsoleta e violenta da extrema-direita. E o que dizer dos que rotulam de comunista qualquer um que se manifeste contrariamente ao Bozo? Melhor o silêncio. Costumo circular bastante pelas padarias, farmácias, supermercados, botecos, velórios, casas de saliência, estádios de futebol, rinhas de galo e ambientes putativos, mas não acho um comunista.
Aliás, tudo indica que, a exemplo do chifre, comunismo foi uma coisa que colocaram na cabeça oca da turma que não sabe o que diz. Diariamente, o que mais encontro nesses locais são pessoas que, como eu, apostam nos princípios republicanos da impessoalidade e da moralidade, ao mesmo tempo em que cravam suas fichas no Brasil passado a limpo, apagando tudo o que for acinzentado. É só um começo, mas reprovar a prática de peculato (autoridade pública se apropriar do que não é seu) já é um bom sinal. Afinal, são as nuvens negras e as trovoadas que ironicamente trazem a possibilidade do colorido do arco-íris
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978