Além da espelunca em que se transformou a republiqueta de bananas podres e de patriotas falsários, o início da segunda década do século XXI colocou o Brasil longe da órbita natural da vida, fora dos eixos. A obviedade da afirmação é notória: desde primeiro de janeiro temos um novo governo, mas desde então pelo menos 60% do noticiário – às vezes bem mais – são destinados ao pior mandatário que este país já teve desde a redemocratização. Sem margem de erros para cima ou para baixo, o avaliaria um pouco melhor do que aquele que, por conta da renúncia, não teve tempo e nem oportunidade de mostrar que poderia ser menos ruim.
Será que a gestão de Luiz Inácio ainda não produziu nada capaz de gerar mídia positiva? Claro que sim. O problema é nossa herança maldita. A resposta é simples. Historicamente, as páginas policiais vendem duas, três vezes mais do que as que mostram os avanços sociais, econômicos e até políticos.
Independentemente de meu distanciamento político-partidário, nunca escondi minhas preferências entre a experiência e a aventura, o gerenciamento e a sacanagem, a democracia e a tirania, a Lava Jato e o Porta Joias. O resultado está aí. Lula era ladrão, chefe de 300 picaretas e péssimo gerente dos “amigos” que colocava em cargos de peso.
Pagou caro por isso. Superou as dificuldades, a cana dura e, quer queiram ou não os radicais da elite e os da periferia, vem fazendo pelo Brasil o que o outro jamais imaginou fazer. A cara de pau do antecessor não permitia – e não permite – assumir a incompetência generalizada do seu ser. Sendo mais justo, nada fez porque não sabia o que e nem como fazer. Daí, o disparate do noticiário. O ex-presidente que prometeu metralhar a “petralhada” experimenta do próprio veneno. Hoje, é a “petezada”, associada à brasilidade da maioria da sociedade, quem metralha o Jair.
Na verdade, a metralhadora é apenas segura pelo povo. A mira é do xerife Xandão e dos demais ministros do STF e do TSE, os quais têm pouco ou nenhuma vinculação explícita com o PT. Por mais que desagradem os que perdem, votam com os fatos e estes têm sido irrefutáveis.
Está claro que os votos antipáticos ao bolsonarismo são contra a violência, o oportunismo, o conservadorismo fora de época e a roubalheira dissimulada. Enquanto Lula recupera o tempo perdido interna e externamente, o entorno do Sargento Pincel vive uma rotina desenfreada de investigações.
E cadê os patriotas zumbis, os surtados, os do dilúvio do QG do Exército, o patriotáxi, o marchador, os cabeças de papel, o do caminhão, o tiozão da cloroquina, as tias robôs e a tia corajosa do zap zap? Entraram pela tubulação patriótica, saíram pelo muro das lamentações e engoliram o choro? Ou estão na Papuda, aguardando condenação? Sei lá. O que sei é que o silêncio consciencioso da patriotada acabou por silenciar de vez a voz asmática do capetão. Como disse certa vez Moraes Moreira, Acabou chorare, ficou tudo lindo/Acabou chorare no meio do mundo/Respirei fundo, foi-se tudo para escanteio”.
Por falar no imortal baiano Moraes Moreira, quem grita alto hoje é o também Moraes Alexandre, também conhecido pelos patriotas do apagão como comandante Xandão. Do outro lado do palco, Sargento Pincel anda tombando do nada. Caiu durante a Festa do Peão de Barretos, onde, após receber título de futuro inquilino, fez um daqueles discursos capazes de adormecer morcegos no cio.
Sobre a queda, há dúvidas: teria ele caído de Maduro como o Nicolás ou de podre como o reino que pensou ter dirigido por quatro anos?.
Sob nova direção, o Brasil de hoje é um reino em ascensão. O bobo da corte foi deposto, está morto. Em seu lugar há um chefe de Estado que não precisa estar investido de realeza para governar. Que seja eterno enquanto dure.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978