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Brasil pode pegar fogo ou viver em paz. Depende do STF

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Vamos ao ponto que interessa: a decisão, doa a quem doer, do Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira, 4, sobre o habeas corpus que pode deixar Lula solto ou mandá-lo para a prisão para cumprir pena de 12 anos e 1 mês a que foi condenado. Analistas políticos dos mais renomados têm uma opinião em comum – a de que o quadro é grave.

Na avaliação de Fernando Limongi, por exemplo, a radicalização do discurso político atingiu o maior ponto com os tiros nos ônibus da caravana de Lula e a aproximação do julgamento do HC pelo Supremo.

“Nas duas últimas semanas, a radicalização voltou a dar as caras, culminando em tiros contra a caravana de Lula, declarações desastradas do candidato tucano e apologia ao porte de armas por Bolsonaro e seus seguidores. O espaço para a serenidade e o razoável se viu reduzido. Voltamos ao sertão de Riobaldo em que até Deus deveria andar armado”, disse ele em artigo no jornal Valor.

Já Angela Bittencourt, também em texto publicado no Valor, avalia que o segundo trimestre do ano eleitoral se inicia com grau máximo de incerteza política. Lula e Michel Temer, dois atores políticos antípodas – diz ela -, têm destinos ainda incertos na Justiça e na política.

Na opinião da analista, “esta primeira semana de abril pode ser pedagógica e mostrar que, sem passado resolvido, o futuro não tem lugar”. “O evento doméstico mais relevante dos próximos dias está pré-agendado para a quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal vai retomar o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interrompido há dez dias”.

Por sua vez, resumiu Ricardo Rangel, em O Globo, “a Semana Santa Suprema foi movimentada e escancarou a divisão do STF em dois grupos. De um lado, Luis Roberto Barroso mandou prender os amigos de Michel Temer e outras pessoas ligadas à Operação Skala. De outro, Dias Toffoli mandou Paulo Maluf e Jorge Picciani para prisão domiciliar e “rasgou” a lei da Ficha Limpa ao liberar Demóstenes Torres. O colunista conclui: “Se o episódio de Lula no Supremo tem um lado positivo é o de escancarar o dilema brasileiro e de esclarecer quem no tribunal defende a República e quem defende o “Ancien Régime”.

Para entender o real quadro, basta lembrar que o cineasta José Padilha, cuja minissérie O Mecanismo provocou controvérsia nacional na semana que passou, tem dito que a eleição de um extremista de direita ou de esquerda em outubro pode levar o País a uma situação de violência social. Ele lamenta a falta de “um Macron” na política brasileira. “Precisamos de alguém capaz de inovar a estrutura política. Que não tenha se criado numa estrutura viciada e não seja de nenhum extremo”, afirma.

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