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‘Brasil precisa de liderança para vencer pandemia’

Se tivéssemos um líder real, ele teria percebido que tragédias com 84 mil mortos pela Covid-19 em nosso País tocam algo mais profundo que a política, elas tocam nossa vulnerabilidade compartilhada e nossa profunda e natural empatia pelo ser humano.

Nesses momentos, um líder real se afasta de seu papel político e se revela despido e humilhado, como alguém que pode se apoiar em suas próprias dores e simplesmente estar presente com os outros como um sofredor em um mar comum de sofredores. Mesmo enclausurado em sua quarentena o pudor de sua liderança ainda não lhe veio aos seus pensamentos.

Se tivéssemos um líder de verdade, ele falaria dos mortos não como uma massa sem rosto, mas como pessoas individuais, cada uma vista com uma dignidade única. Tal líder se basearia nas fontes comuns de nossa civilização, as reservas de sabedoria que trazem força coletiva em tempos difíceis.

Se tivéssemos um líder de verdade, ele seria sinceramente honesto sobre como as coisas são ruins, como Churchill após a queda da Europa. Ele teria armazenado em sua educação o entendimento de que tempos difíceis são a criação de caráter, uma revelação de caráter e uma prova de caráter.

Toda geração enfrenta seu próprio apocalipse e, é claro, viveremos nosso momento da mesma maneira que nossos ancestrais.

Se tivéssemos um líder real, ele nos lembraria de nossos convênios e propósitos comuns. O Brasil é um país diverso, unido mais por um futuro comum do que por passados comuns. Em tempos de dificuldades, os verdadeiros líderes rearticulam o propósito do Brasil, por que enfrentamos essas dificuldades e que bem faremos delas.

Claro, agora não temos um líder real. Temos em nossa Presidência, uma pessoa que não consegue entender empatia ou expressar empatia, que não pode rir ou chorar, amar ou ser amado, um individualista que é incapaz de ver a verdadeira existência de outros seres humanos, exceto na medida em que são bons ou ruins para si mesmo.

Mas é muito fácil descarregar toda a culpa em nosso Presidente. O problema dele não é apenas que ele esteja emocionalmente abalado; é que ele é iletrado. Ele não possui recursos literários, espirituais ou históricos para recorrer a uma crise.

Todos os líderes mundiais da história foram educados com um currículo que colocava a formação de caráter no centro absoluto da educação. Eles foram treinados por pessoas que supunham que a vida realizaria testes difíceis e inesperados, e era o trabalho de uma escola, para produzir jovens que seriam aceitáveis em uma dança e inestimáveis em um naufrágio.

Pense nas gerações de missionários religiosos e cívicos, como Frances Perkins. Pense em todos os homens Morehouse e mulheres Spellman. Pense em todos os jovens estudantes, nas escolas de todos os lugares, que designaram Plutarco e Tucídides e Frederick Douglass as grandes lições do passado sobre como liderar, suportar, triunfar ou fracassar. Somente os grandes livros ficam na mente por décadas e servem como depósitos de sabedoria quando os tempos difíceis chegarem.

No momento, a ciência e as humanidades devem estar em um passo fixo; a ciência produz vacinas, com as humanidades estocando líderes e cidadãos com as capacidades de resiliência, cuidado e colaboração até que cheguem. Mas, em vez disso, as humanidades estão em crise no exato momento em que a história está revelando o quanto a formação moral é realmente vital.

Uma das lições desta crise é que a ajuda não vem de algum lugar centralizado no topo da sociedade. Se você quer uma liderança real, olhe à sua volta.

Senhor Presidente, pense, reflita, para que dias melhores possam aparecer na vida de todos nós brasileiros.

Só para agregar valor de pensamento do dramaturgo Grego Ésquilo, que ele cita: “Durante o sono, a dor que não pode esquecer cai gota a gota no coração até que, em nosso próprio desespero, contra nossa vontade, vem a sabedoria através da terrível graça de Deus. ”

Pense nisso.

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