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Brasil precisa de mão-de-ferro para matar corrupção

As quadrilhas espalham seus tentáculos e muitos capos ficavam impunes. Foto/Arquivo Notibras

Kleber Ferriche

É difícil comentar qualquer episódio sobre corrupção no Brasil neste momento. A profusão de denúncias e prisões, buscas e apreensões, fazem caducar qualquer artigo em muito pouco tempo. A delação de Funaro é uma forma de acabamento nas investigações, embora não definitiva. Sempre aguardamos as cerejas do bolo. Muitas cerejas para vários bolos. O intrépido Janot encurralado em seu ofício, cria a prerrogativa da dúvida em um país em que a maioria acredita que se há honestidade, “aí tem…”

Às vésperas de seu afastamento da presidência da PGR, Rodrigo Janot empurra nova denúncia sobre Al Temer. Explique-se: o prefixo Al vem do mundo árabe, uma história longa, e é pura coincidência que personagens notórios tenham recebido essa homenagem, inclusive Al Capone, cuja trilogia no cinema tinha quem? Al Pacino!

É que Al surgiu como abreviatura de sobrenomes como Alcântara e Albuquerque e remonta ao período de perseguição de judeus na Península Ibérica. Mas, voltando ao assunto, todos que honram o prefixo Al apostam que Janot, um mero Procurador da República, não poderia ir tão longe em suas funções. E criam dúvidas sobre o seu caráter e comportamento. Todos ficam divididos, inclusive a imprensa afiada que pensa: “aí tem…”

Então, antes que caduquem as denúncias sobre o Quadrilhão do PMDB, o que pensar sobre tudo? Onde está o resumo da ópera bufa, repudiante e asquerosa? Muitas perguntas sem respostas. Tom Jobim costumava dizer que o Brasil idolatra os fracassados e dava como exemplo o jogador Garrincha, que morreu na miséria, cujo corpo nem a família consegue encontrar.

A dúvida persiste em saber se os acusados estão querendo emprestar o prefixo Al a Janot. Se o povão quiser e a imprensa do “aí tem” também quiser, nunca saberemos se o procurador-chefe foi conduzido pela vida a uma situação de impecável comportamento, ou se ele contraria a cultura do Al em todos os setores que mataram milhões de brasileiros em portas de hospitais, presídios, ruas e vielas, decorrente do assalto aos cofres públicos.

Ninguém saberá se o último golpe do grupo vermelho era vestir uma farda de general – Lula só aceitaria a farda de Marechal – com debrum de estrelinhas e proclamar o domínio das Américas. Ou se uma expedição a partir do porto de Santos sairia elegante, com suas damas cheirosas e parceiros privados, também com suas damas cheirosas, em busca de novas terras.

O prefixo Al dominou Nova Iorque e outras esferas. O Brasil tem seu Eliott Ness? Talvez tenha que ter muitos para resistir aos movimentos de confronto de facções que fazem do mais famoso ícone do prefixo Al apenas um detalhe. Mas que tem poderosos oferecendo títulos como Al Janot, Al Moro, Al Dallagnol, Al Fachin, não há dúvidas. Eles não poderão aceitar o título, fator inesperado na estratégia de Drácula e seus vampiros. Aí tem…

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