Brasil ganha legado do esporte mas sofre com a saúde sucateada
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O Rio 40º continua lindo. E é nesse mesmo Rio, apesar da retórica, que mais um legado esportivo vai ficar para o Brasil. Trata-se dos Jogos Olímpicos de 2016, que a Cidade Maravilhosa vai sediar após vencer, há seis anos, uma acirrada disputa com Madri, Chicago e Tóquio.
É a primeira vez que o Brasil sedia uma Olimpíada, cujos jogos tiveram início na Atenas da Grécia Antiga. Para se ter uma ideia da disputa entre cidades que esperam ser cidades-sede, basta dizer que só a Europa já recebeu o evento em 18 diferentes oportunidades.
Mas como todo evento grandioso tem um custo, vamos citar cifras descomunais para que o mundo esportivo volte seus olhos para o Brasil no próximo ano.
Do orçamento total em reais, 7 bilhões são aplicações de recursos privados. Outros 38 bilhões correspondem a verbas públicas – federais, estaduais e municipais. E como não poderia ser diferente, o Tribunal de Contas da União tem acompanhado cada centavo investido no projeto. Esse trabalho é reforçado com o apoio de subcomissões constituídas ao nível de Câmara dos Deputados.
Verdade seja dita: as competições ficarão marcadas pelos benefícios que trarão à comunidade fluminense. Será a grande oportunidade de transformações para a terrinha amada pelos brasileiros. E a história da Olimpíada – é com o que sonhamos – poderá ser diferente daquela deixada pela Copa do Mundo.
A proximidade dos jogos corre acelerada. Logo estaremos no dia 5 de agosto de 2016. As disputas se estenderão até o dia 21, reunindo 10 mil 500 atletas de mais de duas centenas de países.
As competições compreenderão 306 provas de 42 modalidades esportivas. Serão 33 espaços de competição no Rio de Janeiro. Só a disputa do futebol olímpico ficou fora do Rio. A bola, nesse caso específico, rolará em estádios de Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Manaus. Ao todo, 8 milhões de ingressos à disposição do público.
A novidade sobre o dinheiro investido na Olimpíada é que o TCU colocou no ar o “Fiscaliza Rio” – um site que faz alerta e explica o valor de aditivos aplicados, como na Copa do Mundo, que teve um site de transparência.
A palavra mais repetida pelos organizadores das Olimpíadas do Rio é legado. Em audiências públicas nas comissões da Câmara dos Deputados, a expressão é citada não só pela estrutura construída para as Olimpíadas, como também pelo que a cidade ganhou paralelamente a isso, como VLT, saneamento básico e desativação do lixão em que se transformou a Baía de Guanabara. Além disso, o Rio ganhou também 150 km de BRT e linha de metrô entre a zona Sul e a Barra da Tijuca. Lembrando ainda que o Rio cresceu em investimentos como marca do legado das Olimpíadas.
Os turistas também não precisam se preocupar com hospedagem. Os albergues, preferência entre os mais jovens, cresceram de 64 para mais de 200; e os hotéis dobrarão de 20 mil para 40 mil quartos.
As obras de infraestrutura começaram em 2007 com os jogos pan-americanos. Sediar competições internacionais soa como investimento cultural, comercial e social. O Brasil investiu muito no legado deixado pela Copa do Mundo, mesmo que em algumas cidades seu destino tenha sido incerto. Em Brasília, o estádio mais caro do mundo, Mané Garrincha, pode ser entregue à iniciativa privada.
O lado triste disso tudo é o legado do esporte no Brasil ser maior que o legado da saúde, sucateada e sempre batendo na porta da UTI.
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