O Brasil enfrenta hoje um clima político instável, marcado por descoordenação entre os poderes, investigações polêmicas e uma crescente desconfiança entre as instituições. O contexto atual aponta para uma série de movimentações nos bastidores que buscam reduzir tensões e preparar o país para os desafios das eleições de 2026.
Recentemente, encontros entre lideranças políticas de diferentes campos sinalizam esforços de articulação. Um dos primeiros atos esperados pode ser a reavaliação da dosimetria das penas dos réus de 8 de janeiro, com redução significativa das condenações, o que poderia ocorrer em meados de 2024. Esse movimento sugere uma tentativa de apaziguar ânimos, mas também reflete o receio de novas crises institucionais.
No campo eleitoral, as projeções para 2026 indicam mudanças importantes. Lula, por questões de saúde, pode não disputar a reeleição, enquanto Bolsonaro deve permanecer inelegível. Essas condições reforçam a necessidade de novas lideranças na disputa. Nesse cenário, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, desponta como um nome capaz de atrair apoio de diferentes lados do espectro político.
Gilberto Kassab, reconhecido articulador político, tem desempenhado um papel estratégico. Mesmo próximo a Tarcísio, Kassab tem sugerido que “2026 será a hora de moderação e diálogo”, em declarações que refletem a natureza calculada e pragmática de sua atuação, até mesmo sinalizando um possível apoio de seu partido à reeleição de Lula. Os prognósticos de Kassab devem ser analisados com muita atenção; tanto por sua capacidade em construir o consenso capaz de evitar novos embates institucionais, quanto por sua astúcia política.
Ainda assim, as tensões não estão descartadas. Um eventual fortalecimento da base da direita no Senado pode levar a movimentos como o impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Caso o STF venha a anular tal decisão, o Brasil enfrentaria um impasse inédito, com riscos de agravamento da crise institucional. Nesse contexto, a possibilidade de intervenção das Forças Armadas, sob o argumento de garantir a ordem pública, embora remota, não pode ser completamente ignorada.
Parte da imprensa também tem adotado um tom mais equilibrado, buscando criticar tanto a esquerda quanto a direita. Veículos como Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo mostram sinais de maior isenção, possivelmente em resposta à complexidade do momento político.
Diante desse cenário, a escolha de lideranças moderadas e comprometidas com a estabilidade institucional será determinante. A pacificação do ambiente político não é apenas desejável, mas essencial para evitar que o Brasil mergulhe em uma crise de maior profundidade. O futuro do país dependerá da capacidade de articulação e do compromisso com o diálogo entre as principais forças políticas.
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*Eduardo Pedrosa é empresário