Num conto de fadas às avessas, o malfeitor, travestido de príncipe, se casa em alto estilo com a plebeia oportunista que o visitava na masmorra e a promove à condição de novo álibi, com direito a viver numa mansão alugada com dinheiro roubado.
Enquanto aguarda ser ressarcido dos “prejuízos” que a verdadeira justiça lhe impôs, sonha desfilar em carro aberto com sua terceira dama, coroado sob os auspícios da Corte política que deveria fazer justiça aos seus crimes hediondos cometidos contra a Nação.
O que causa mais indignação nos súditos subjugados é que as sentenças anuladas por seus lacaios de toga vermelha e que o trouxeram a essa condição são apenas roubos de galinha, comparados à pilhagem de todos os stores da administração pública e os crimes hediondos cometidos contra os valores e a família, que sequer foram ou serão julgados.
Ainda somos obrigados a ouvir suas blasfêmias: “Não existe uma viva alma mais honesta do que eu. Em honestidade, só Jesus ganha de mim.”
Assim, como na lenda de Peter Pan, o Brasil se recusa a crescer e aceita esse aviltamento jurídico. Vive aprisionado ao nunca, essa palavra maldita que incorporou sua maldição à história e aos costumes dos brasileiros.
“O gigante adormecido”, “deitado eternamente em berço esplêndido”, “o País do futuro” que parece que nunca vamos ser, tudo conspira para que um povo criativo e empreendedor nunca tenha recebido um Prêmio Nobel; a maior Nação católica nunca elegeu um Papa; a dona das maiores reservas de bens naturais nunca conseguiu usufruir convenientemente suas riquezas. Nunca, nunca, nunca.
Nunca na história deste País a Nação e seus cidadãos foram tão afrontados por uma justiça tão venal e desmoralizada e por uma criminalidade tão protegida por essa Corte de mentirinha, onde seus membros sem “notável saber jurídico e reputação ilibada” julgam sem ser juízes; governam sem ser eleitos; condenam por crimes fictícios; divagam em rebuscados conceitos sem bases legais para libertar e proteger criminosos, tudo na base do “falei tá falado”.
Assim, vão fazendo sua justiça de mentirinha e promovendo uma tirania de verdade, porque o povo e as instituições não encontram vontade suficiente para reagir.
O Brasil está vivendo um pesadelo daqueles em que estamos prestes a ser vítimas de uma grande catástrofe e não parece haver nada ou ninguém capaz fazer-nos despertar e estancar essa barbárie.
Estamos sendo levados de roldão rumo a um precipício, cantando o Hino e enrolados no Pavilhão Nacional.