Brasileiro para de comprar e joga a indústria no buraco
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emA demanda interna insuficiente foi apontada pelos empresários como o principal problema da indústria no primeiro trimestre de 2015. De acordo com a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada hoje (29) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a questão teve 39,1% de menções dos industriais questionados, liderando o ranking de itens problemáticos. Em segundo lugar ficou a alta carga tributária, com 35,8% de menções, seguida pela taxa de câmbio, mencionada com frequência de 28,7%.
A falta ou o custo da energia e das matérias-primas e os juros elevados também apareceram como preocupações relevantes para os empresários, alcançando, respectivamente, 27,4%, 24,5% e 20,9% das menções. De acordo com Marcelo Azevedo, economista da CNI, a avaliação da entidade é que a indústria sente os efeitos de custos altos e demanda enfraquecida, essa última afetada pela queda no consumo das famílias. Por isso, a produção e o emprego industriais seguem em trajetória de queda.
“A gente sempre percebia um aumento da produção em março. Costuma ser um mês mais forte na comparação com os mais fracos de janeiro e fevereiro. Mas, apesar da sazonalidade favorável, a produção no mês em 2015 mostrou queda”, destacou Azevedo. Ele ressaltou que, de 2010 a 2013, foi registrada elevação da produção em março. Em 2014, como neste ano, houve recuo.
Com o cenário desfavorável, as expectativas dos empresários estão majoritariamente negativas. A intenção de investimento está em 46,7 pontos. A estimativa de demanda está em 47,9 pontos. A intenção de compra de matérias-primas, ficou em 45,8 pontos, e a expectativa de aumento do número de empregados, em 42,6 pontos. Segundo a metodologia usada pela CNI, a pontuação abaixo de 50 indica expectativa em queda. Os industriais só estão otimistas com as exportações. Nesse quesito, as expectativas dos empresários ficaram em 51,7 pontos. De acordo com Marcelo Azevedo, o otimismo pontual acontece em função do dólar valorizado, que torna as exportações brasileiras mais baratas e competitivas no exterior.
Para ele, as medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo farão com que a indústria tenha um momento difícil de transição. “Mas, com a casa arrumada, as incertezas vão se dissipar e deve haver retomada do investimento.” A Sondagem Industrial foi feita entre 1º a 15 de abril, com 2.307 empresas. Dessas, 928 são pequenas, 835 médias e 544 grandes.
Mariana Branco, ABr