Com o bolso ainda apertado, os brasileiros racionalizaram as refeições principais do dia e aumentaram a frequência de lanches após o jantar entre setembro de 2021 e de 2022. Além disso, o consumo de marmitas (refeições preparadas em casa para comer fora) cresceu expressivamente no mesmo período. É o que mostra o mais novo relatório Consumer Insights da Kantar, empresa de consultoria que analisa trimestralmente o comportamento de consumo de alimentos, bebidas, produtos de limpeza do lar e artigos de higiene e beleza pessoal no País.
A volta à rotina de trabalho e às atividades sociais fora do lar com o fim das restrições sociais impostas pela pandemia de Covid-19 levou a uma redução de 11,1% nas ocasiões de almoço em casa nos últimos 12 meses terminados em setembro de 2022 em comparação ao mesmo período anterior, e as marmitas cresceram 12,3% no mesmo intervalo.
Outro movimento detectado pelo estudo na rotina de consumo de refeições no período foi o de aumento de momentos de lanche em casa após o jantar (+11,6%), guiados, principalmente, pelo prazer (+10,9%).
Muitas das mudanças de hábitos verificadas nesse ano foram puxadas pela indulgência, o famoso “eu mereço”, atreladas à simplicidade no preparo e baixo custo. Tanto é que as categorias que mais contribuíram positivamente durante o almoço foram massas frescas (+0,9%), salsicha (+0,3%), hamburguer (+0,3%), lanche pronto (+0,3%) e batata congelada (+0,3%), enquanto óleos (-7,9%), legumes (-22,3%), carne bovina (-4,2%), ervas e especiarias (-19,1%) e arroz (-7%) perderam espaço na mesa do brasileiro e impulsionaram a queda nas ocasiões de almoço feitas dentro de casa.
Outra refeição importante do dia, o café da manhã foi impactado pelo mesmo movimento de racionalização, em que o consumidor passou a optar por menos categorias à mesa. Os itens à mesa reduziram em 6,2% no último ano e, nesse cenário margarina (+11%), mortadela (+58,4%), iogurte (+53,4%), leite em pó (+18,9) e pão artesanal (+61,8%) foram as categorias que ganharam novas ocasiões de uso, enquanto leite UHT (-7,6%), pão industrializado (-14,2%), requeijão (-3,2%), biscoitos (-3,1%) e torradas (-2,4%) perderam espaço.
“Nosso cenário econômico ainda é desafiador. Categorias de baixo custo, fácil preparo e que garantam indulgência para o consumidor têm boa oportunidade de crescimento”, conclui Jenifer Ferreira, executiva sênior de Uso e Consumo da divisão Worldpanel da Kantar.
Os dados apresentados fazem parte do relatório trimestral Consumer Insights da Kantar, que contempla 11.300 lares brasileiros de todas as regiões e classes sociais do País, representando 59 milhões de lares do Brasil, e do Painel de Uso da Kantar, que coleta dados de 970 domicílios por trimestre e contempla 3.800 indivíduos que representam 55 milhões de brasileiros, em sete regiões metropolitanas (de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Recife e Salvador).