Paula Oliveira
Cerca de 10 mil pessoas com o vírus HIV estão em tratamento na rede pública de saúde do Distrito Federal. Em 2014, registraram-se 589 casos de pessoas infectadas e 409 de pacientes que desenvolveram a aids. A taxa de detecção do vírus no Brasil tem caído gradualmente: em 2013, houve 20,8 casos por 100 mil habitantes, e, em 2014, 19,7. Os dados nacionais foram divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (1º) e constam do Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2015, com informações de 2014. No ano passado, 12.449 pessoas morreram em consequência da doença.
Segundo informações do órgão do governo federal, uma das principais ferramentas de luta contra a aids é a prevenção e o diagnóstico precoce. A meta do País é alcançar o índice internacional — testar 90% das pessoas diagnosticadas, colocar 90% delas em tratamento e conseguir tornar a carga viral insignificante em 90% dos casos. De acordo com o ministério, faltam 11% para atingir esses indicadores.
Declaração de Paris – Para confirmar o compromisso de Brasília com a meta mundial, o governador Rodrigo Rollemberg assinou nesta terça, 1, a Declaração de Paris, documento elaborado em 2014 e que ganhou a adesão de várias capitais do mundo. “Temos que alcançar essa porcentagem até 2030 e, para isso, estamos assumindo o compromisso de acabar com a epidemia, de considerar as pessoas sempre como o centro das nossas ações e de combater as vulnerabilidades de contágio”, disse o chefe do Executivo local.
Participaram da cerimônia no Palácio do Buriti o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio; o secretário de Saúde, Fábio Gondim; o secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Joe Valle; o coordenador de Diversidade Sexual, da Universidade de Brasília, Thiago Magalhães; e representantes de movimentos sociais.
Testes rápidos e gratuitos – Uma das maneiras de tornar realidade o diagnóstico precoce é garantir acesso a testes gratuitos para a detecção do vírus HIV. Em Brasília, todos os centros de saúde oferecem o teste por sorologia (por meio de amostra sanguínea) durante o ano. Nesse caso, os pacientes precisam de um pedido do médico que os acompanham no dia a dia. Em seis postos, há a opção pelo teste rápido. Ele é feito por meio da saliva, e o resultado é conhecido em alguns minutos. Também são testadas a presença de hepatites B e C e sífilis.
Caso o exame indique a presença do vírus causador da aids, é feito um segundo teste de metodologia diferente da usada. Se houver confirmação, verifica-se o sangue mais uma vez e, caso esteja infectado, encaminha-se o paciente para tratamento, imediatamente, em um dos 11 centros de referência da rede pública em Brasília. “O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem garantir ao paciente manter a carga viral indetectável e, dessa maneira, fica mais difícil a doença se desenvolver ou ser transmitida para outra pessoa”, explica o gerente de Doenças Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Saúde do DF, Sérgio D’Ávila. Ao ser diagnosticado, o paciente é submetido a outros exames para verificar a carga viral no organismo e as condições do sistema imunológico.
Para D’Ávila, quanto mais pessoas infectadas forem diagnosticadas e tratadas, menos incidência da doença haverá. “O tratamento é de certa forma um método preventivo a partir do momento em que podemos controlar a carga viral”, diz. A presença do vírus é detectada depois de 30 dias do possível contágio.
Além dos exames, a Secretaria de Saúde fornece gratuitamente, durante todo o ano, preservativos em todas as unidades públicas de saúde. São distribuídas cerca de 980 mil camisinhas masculinas e femininas por mês — média de 12 milhões ao ano.
Tratamento – Pessoas que sofreram violência sexual e trabalhadores da área de saúde têm direito ao tratamento de profilaxia pós-exposição, eficaz quando iniciado até 72 horas após terem sido expostos ao vírus. No primeiro caso, a vítima deve registrar a ocorrência em delegacia de polícia e, de lá, será encaminhada para o tratamento. Profissionais de saúde, como enfermeiros e médicos, que tiverem contato com material contaminado devem dirigir-se ao núcleo de controle de infecções da unidade em que atuam. Funcionários da rede privada devem procurar a pública para iniciar o tratamento que dura 28 dias com medicação e mais três meses de acompanhamento.
Formas de contágio – A aids é uma doença desenvolvida em pessoas infectadas pelo vírus HIV. Ele está presente no sangue, no sêmen, na secreção vaginal e no leite materno. O contágio pode ocorrer de várias maneiras, como lista o Ministério da Saúde: por meio de sexo sem camisinha; de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; de uso da mesma seringa ou agulha por mais de uma pessoa; de transfusão de sangue contaminado; e de instrumentos cortantes não esterilizados.
Agência Brasília