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Brasília já teve bom futebol e torcida. Era no tempo do Defelê, Rabelo, Guará…

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José Escarlate

Repórter polivalente do jornal O Dia, em Brasília, por conta do futebol conheci um dos chefes de serviço do escritório da Novacap, ali mesmo na W-3 Sul. Era o Oswaldo Cruz Vieira, o “Oswaldão”, um mulato muito gordo, alegre, como geralmente são os gordos, extremamente simpático, gente boa.

Além do trabalho na Novacap, ele tinha uma outra paixão. O Clube de Regatas Guará, que criara. O bairro ainda não existia. Curioso o nome Regatas, já que Brasília não tinha mar e o lago ainda estava enchendo, muito longe de atingir a cota mil, a ideal.

O Guará disputava o campeonato de futebol com outros clubes como o Defelê – um time formado por empregados do Departamento de Força e Luz de Brasília, que a peãozada tratava por Defelê, o Rabelo Futebol Clube, o Clube Atlético Colombo, o Cruzeiro do Sul, o Pederneiras, o Guanabara, o Planalto, o Real, o Alvorada e o Grêmio Brasiliense, da Cidade Livre, que fora o campeão em 1959. O DFL ficou Defelê até o fim dos seus dias.

Em Brasília, as construtoras formavam seus times. Todos os jogadores eram operários. Pedreiros, carpinteiros, eletricistas, etc, e quando um se destacava logo chegava proposta do rival para que ele trocasse de clube. E obviamente, da obra. Aqui existiam, à época, os famosos olheiros que hoje infestam o futebol brasileiro, em busca de talentos

O rival do Defelê era o Rabelo que tinha um jogador, o Alaor, verdadeiro capeta que tinha uma vocação incrível para fazer gols. No treino para o jogo de estréia, que seria contra o Defelê, no estádio da Vila Planalto – que existe até hoje -, o Alaor marcou nada menos que sete gols. Veio o jogo, estádio lotado. No Defelê jogava um irmão do Alaor, razoável de bola. O placar final foi de 2 a l para o Rabelo, com Alaor fazendo o gol da vitória.

Após a partida, diretores do Defelê chamaram o Alaor.

“Cara, a gente quer fazer uma proposta para você mudar de time. Aqui você vai jogar com o seu irmão, ficando tudo em casa. Além disso – adiantou – ganhará um emprego com salário bem melhor. Que tal ?”

Alaor aceitou a troca e a mudança foi feita. Passando a ganhar quase o dobro do que recebia no Rabelo, Alaor melhorou de vida e ainda conseguiu ser tricampeão de Brasília pelo Defelê, que conquistou quatro campeonatos seguidos. Se não morreu, hoje deve ser um saudável aposentado do INSS.

PV

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