Em cerimônia no Museu da República, o governador Rodrigo Rollemberg assinou nesta quinta-feira (3) a adesão ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) e um decreto determinando que, a partir de hoje, todos os formulários, questionários e levantamentos da administração pública distrital passem a considerar raça, cor e etnia.
Segundo o governador, o decreto e a adesão ao Sinapir ampliam a proteção das populações e dos praticantes de religiões de matriz africana. “É fundamental que o Poder Público saiba onde estão os terreiros para promover a segurança deles”, afirmou Rollemberg.
A norma também permitirá o desenvolvimento de metodologias de enfrentamento e combate ao racismo no DF. Conforme o governador, a ferramenta consolida as políticas públicas de promoção da igualdade racial e redução das desigualdades.
Na mesma solenidade, a Fundação Palmares lançou o Mapeamento dos Terreiros do Distrito Federal. Conforme o levantamento, foram identificados 330 locais de umbanda e candomblé na região.
Coordenado pelo pesquisador Rafael Sanzio, da Universidade de Brasília (UnB), o mapeamento objetiva legitimar as manifestações dos grupos como exercício de cidadania, além de contribuir para o combate aos ataques motivados por intolerância religiosa.
De acordo com o presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira da Silva, essa intolerância é fruto da ignorância. “Nas escolas, estudamos o cristianismo, o judaísmo e até o islamismo. Crescemos com preconceito, achando que nas religiões de matriz africana se produzem coisas que não se deve. No entanto, nelas se fala de paz, amor e preservação da natureza”, afirmou Erivaldo.
Para evitar esse tipo de crime, o governo local anunciou nesta quinta-feira a adesão ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial e criou a Delegacia de Repressão aos Crimes de Intolerância do DF.
Iniciada em 2016 e encerrada na metade do ano passado, a pesquisa revelou que apenas 12,2% dos pontos encontram-se em áreas rurais. Apurou ainda que a cidade com mais praticantes é Ceilândia, onde estão 43 terreiros (18,6%). Planaltina aparece em segundo lugar, com 25 pontos de celebração (10,8%). Em Samambaia, Gama, Santa Maria, Sobradinho I e Sobradinho II foram reconhecidos, em média, 15 terreiros em cada uma.
Doutor e professor titular do Departamento de Geografia da UnB, Rafael Sanzio informou que a ideia foi tornar os terreiros “visíveis” e facilitar a canalização de políticas públicas que atendam às necessidades do segmento.