Cláudio Coletti
O clima político em Brasília, neste fim de semana, é de expectativa sobre o que pode acontecer nas próximas 72 horas, a contar de segunda-feira, 12. A avaliação é a de que, de um lado, em Curitiba, o juiz Sérgio Moro pode determinar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; de outro, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, pode finalmente decretar a prisão do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais.
O caso de Lula foi analisado exaustivamente nos últimos dias por Sérgio Moro. Sobre a mesa do juiz está o pedido da Procuradoria da República em Curitiba. Nas alegações finais no processo do tríplex do Guarujá, os procuradores pedem a condenação do ex-presidente por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção no esquema de cartel e propinas da Petrobras. A pena se prisão, se for confirmada, deve ser cumprida em regime fechado. Pelos supostos crimes praticados, Lula terá de pagar multa de R$ 82,6 milhões.
Caberá ao juiz Sergio Moro a decisão de aceitar ou não o pedido formulado pelos procuradores de Curitiba. Mais quatro pessoas foram indiciadas, entre elas o engenheiro Leo Pinheiro, presidente da Construtora OAS, e Paulo Okamoto, dirigente do Instituto Lula. O petista responde a dois outros processos em Curitiba. A defesa dele vai apresentar suas alegações contra a peça acusatória na terça ou quarta-feira. A decisão final de Moro, prevista para até o final do mês, deve ser antecipada.
No Distrito Federal, a Procuradoria da República instaurou inquérito para investigar o suposto repasse de 80 milhões de dólares do grupo JBS para os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. A investigação é um desdobramento do acordo de delação premiada firmado pela Procuradoria Geral da República e executivos do grupo JBS. Essa apuração deve pesar na balança quando Moro tomar sua decisão.
O mesmo tsunami que resultou das delações premiadas contra o presidente Michel Temer e os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, atingiu também em cheio o senador Aécio Neves. Ele foi denunciado por ter recebido propina de RS 2 milhões da JBS, que seriam usados para pagamento de advogados que defendem o líder tucano em outros sete processos que ele responde no Supremo Tribunal Federal.
A Procuradoria Geral da República, tendo em poder a filmagem do ato de entrega de propina a um representante de Aécio, pediu ao STF abertura de processo para a cassação do mandato do senador, bem como sua prisão e multa de R$ 6 milhões por danos morais e materiais. Por participar das negociações da propina, a irmã do senador, Andreia Neves, foi presa e levada para uma penitenciaria, em Belo Horizonte.
No Supremo, esse processo contra o senador, já afastado das suas funções, será Julgado pela 1ª Turma, integrada pelos ministros Marco Aurélio Mello, Luís Fux, Luís Roberto Barroso, Rosa Webber e Alexandre de Moraes. O relator é o ministro Marco Aurélio Mello. Na avaliação de políticos experientes, dificilmente Aécio Neves ficará livre desse imbróglio em que se meteu. Tem potencial, inclusive, para encerrar sua carreira política.